Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Uma nave espacial é uma das atrações da exposição Georges Méliès, Mágico do Cinema, aberta nessa semana no Museu da Imagem e do Som (MIS), zona oeste da cidade de São Paulo. Dentro da espaçonave é exibido o primeiro filme com imagens do terreno lunar, a obra Viagem à Lua. Na película, lançada em 1902 e a mais conhecida do pioneiro francês, foram utilizados recursos que consagraram o cineasta como inventor dos efeitos especiais para o cinema.
Os mundos construídos por Méliès, povoados com demônios, fantasmas, fadas e seres interplanetários, são apresentados em mais de 120 peças. São desenhos, fotografias, itens de figurino e filmes reunidos ao longo de 100 anos. Os objetos narram a história de como Méliès começou como ilusionista em um teatro e transportou suas habilidades para as telas de cinema.
“É uma exposição que foi montada pela cinemateca francesa, em Paris. Tem acervo da própria cinemateca e tem o acervo da família que foi comprado pelo governo francês”, explica o diretor do MIS, André Sturm.
A partir da exposição o visitante poderá entender um pouco melhor como o cineasta conseguia fazer seus efeitos especiais sem auxílio dos recursos técnicos disponíveis atualmente.
“Os efeitos eram feitos no set ou, no máximo, na câmera, com truques de filmagem, como filmar quadro a quadro, filmar o negativo duas vezes, para ter duas imagens no mesmo negativo. Mas tudo em operações que davam muito trabalho, mas que resultaram nesses filmes incríveis”, explica Sturm.
Essas imagens feitas essencialmente a partir da criatividade chamam a atenção de quem trabalha com a tecnologia de hoje. Na abertura da mostra a design de animação, Erika Auler, olhava com atenção as gravuras desenhadas há cerca de 100 anos. “É muito antigo e ele fez umas coisas que me inspiram. É bem legal o que ele fez, quadro a quadro”, destacou. No processo artesanal, o artista algumas vezes pintava à mão cada um dos fotogramas do filme.
As peças trazem ainda um pouco do contexto da época, pouco depois da invenção da imagem em movimento apresentada ao mundo pelos irmãos Lumière. “A tentativa foi de ambientalizar esse universo dele. Tentei recriar essa época do final do século 18, a belle époque francesa”, ressalta a diretora de arte da exposição, Carol Nogueira. Segundo ela, a mostra busca ainda fazer com que o público sinta a sensação de estar dentro do universo de ilusão criado por Méliès.
Para completar a experiência, os visitantes poderão fazer um filme usando os mesmos recursos do artista. Em uma das salas da mostra, foi montado um cenário com dinossauros, peixes-voadores e asteróides, onde os inscritos terão meia hora para montar um filme. As imagens serão editadas e disponibilizadas no dia seguinte em versão de 30 segundos.
Edição: Davi Oliveira