Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O emprego na indústria ficou estável na passagem de abril para maio, com crescimento de 0,1%. Na comparação com maio de 2011, houve queda de 0,5%. Os números estão na sondagem Indicadores Industriais, divulgada hoje (5) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A CNI anunciou hoje que o uso da capacidade instalada da indústria brasileira caiu em maio para 80,7% ante os 81% registrados em abril, de acordo com dados dessazonalizados (ajustados para o período). É o menor resultado desde setembro de 2009, quando foram registrados 80,6%.
“A queda na capacidade instalada tem a ver com a perda de demanda que o setor tem sofrido nos últimos meses. Os estoques estão desde o ano passado acima do planejado pelas empresas. Isso mostra que o esforço é para se ver livre dos estoques e só após isso estimular a produção e o equipamento instalado”, disse o gerente executivo da CNI, Flávio Castelo Branco.
Segundo ele, o setor que mostra, de forma clara, que ainda não houve a retomada da produção é o automobilístico, que vinha apresentando estoque acima do desejado e do planejado em virtude da redução da demanda e da inadimplência. Com as medidas do governo para estimular as vendas do setor, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ainda não houve o aumento da produção, apenas das vendas.
Flávio Castelo Branco acredita que os dados deverão constar na pesquisa referente ao mês de junho. “A produção não reagiu ainda. Evidentemente, a indústria está buscando reduzir os estoques excessivos para, em um segundo momento, mantida a demanda, voltar a um ritmo de produção mais normal”, disse.
De acordo com os dados da CNI, a massa salarial real caiu 0,8% em maio ante abril, sem ajuste sazonal. Em relação a maio de 2011, o indicador, no entanto, cresceu 5,3%. O rendimento médio real também caiu, 1,3%, de abril para maio. A queda foi considerada um movimento não usual, já que, desde 2006, quando começou a série histórica, é a primeira vez que houve redução em um mês de maio ante abril.
As horas trabalhadas caíram 1,4% em maio ante abril (dados dessazonalizados), com queda de 2% no acumulado dos dois meses.
A situação na indústria preocupa 13 dos 19 setores avaliados pela CNI, mas a situação é pior nos de couros e calçados e de produtos de metal.
No caso do setor de couros e calçados, houve queda em todos os índices se a comparação for feita com 2011. A capacidade instalada, por exemplo, registrou redução de 4,6 pontos percentuais se comparada com a de maio do ano passado. Foram registradas ainda queda das horas trabalhadas (7,5%), do emprego (5,6%), da massa salarial (1,8%) e do faturamento real (3,2%).
O setor de produtos de metal se destacou por apresentar forte queda nas horas trabalhadas, com redução de 8,8% em relação a maio de 2011. O setor apresentou ainda redução do emprego de 9,9%, na mesma comparação. Em relação à capacidade instalada, a queda ficou em 1,6 ponto percentual.
Diante da situação da indústria, a CNI está revisando a avaliação sobre o ano de 2012. Segundo Castelo Branco a expectativa é que haja recuperação do crescimento da economia no segundo semestre, mas o índice deverá ficar abaixo dos 3% previstos até então pela entidade. “Teremos novas estimativas na semana que vem. Não sei dizer agora, mas com certeza será menor do que os 3% estimados anteriormente.”
Edição: Juliana Andrade
Uso da capacidade instalada da indústria atinge menor nível desde setembro de 2009, mostra CNI
Queda na produção afeta mais da metade dos setores industriais, segundo IBGE
Veículos automotores e alimentos puxam queda da produção industrial em maio
Produção industrial registra em maio a terceira queda mensal consecutiva