Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A decisão dos países do Mercosul em isentar o Paraguai de sanções econômicas foi um alívio para as relações comerciais mantidas entre o Brasil e o país vizinho. Mesmo o Paraguai ocupando a vigésima terceira posição de destino das exportações brasileiras, o comércio com o país é considerado estratégico.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, acredita que a tensão do momento político vivido pelo Paraguai não interfira nas relações comerciais com o Brasil. “Para o comércio não existe ideologia, o que existe são negócios. Espero que não haja interrupção e as relações comerciais sigam o fluxo normal.”
Castro ainda aposta em um entendimento breve, visto que as eleições no Paraguai estão previstas para abril de 2013. O Mercosul decidiu suspender o Paraguai na última sexta-feira (29) até que seja feito um novo processo de escolha do presidente, devido o controvertido processo de impeachment sofrido por Fernando Lugo, destituído do poder na última semana. Além disso, ontem (29), a União de Nações Sul-Americanas, que reúne 12 países do continente, também comunicou a suspensão do Paraguai do bloco.
O secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, defende o fortalecimento do Mercosul para melhor competitividade mundial. “Continuo defendendo o fortalecimento do bloco. É claro que o momento de tensão no Paraguai atrapalha toda a região. Mas acredito em uma resolução rápida para esse impasse”, disse.
Para Teixeira, o comércio bilateral entre os dois países é considerado pequeno e não “teria impacto comercial” para o Brasil em caso de conflito. De janeiro a maio deste ano, os negócios bilaterais somaram US$ 1,049 bilhão nas exportações e US$ 359 milhões nas importações. O volume representa um percentual baixo frente a balança comercial brasileira que soma, até o momento, US$ 111,996 bilhões nos embarques externos e US$ 105,785 bilhões nas compras internacionais.
A preocupação é a abertura do bloco econômico, que fica vulnerável diante de um cenário de atual instabilidade econômica mundial. “Não podemos abrir brecha para acordos em que temos interesses, como um acordo com a China ou Taiwan, por exemplo. Não podemos deixar o Paraguai solto. Acredito que o Paraguai seja penalizado politicamente a curto prazo, mas [é algo] que deve ser revertido após as eleições”, destacou o presidente da AEB.
Com a suspensão temporária do Paraguai no Mercosul, a Venezuela será incorporada como membro pleno do bloco a partir de agosto. A entrada da Venezuela como membro pleno do bloco era barrada pelo Congresso paraguaio. A decisão foi tomada durante a reunião de cúpula, em Mendonza, na Argentina.
Edição: Lana Cristina