Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Integrantes de movimentos sociais, deputados e senadores entregaram hoje (27) ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, moção manifestando repúdio ao impeachment do presidente paraguaio, Fernando Lugo, cujo processo consideraram um golpe de Estado.
Segundo o integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição, os movimentos sociais e os parlamentares consideram que houve uma ruptura na ordem democrática do Paraguai. “Não podemos permitir que haja um novo banho de sangue na América Latina por meio de golpes”, disse.
Assinaram a moção, além do MST, a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Movimento de Mulheres Camponesas, Movimentos de Pequenos Agricultores e um grupo de 16 parlamentares.
Conceição afirmou ainda que o grupo quer a suspensão do Paraguai das instituições que integram o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e pediram a incorporação da Venezuela ao Mercosul. “Como o Brasil assume a presidência do Mercosul nesta sexta-feira (29), pedimos que o governo brasileiro possa criar as condições jurídicas e políticas para que a Venezuela seja incorporada ao Mercosul”.
O dirigente do MST disse ainda que os movimentos sociais pediram aos parlamentares que constituam um grupo para ir ao Paraguai, pois há informação de repressão pelo novo governo aos movimentos do campo e àqueles que são contrários ao impeachment.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Tovar Nunes, que deu entrevista ao lado do líder do MST, disse que o ministro Patriota agradeceu o apoio do grupo à posição do governo brasileiro de que houve uma ruptura no processo democrático paraguaio, além de pouco tempo para o ex-presidente Lugo fazer sua defesa.
Tovar disse ainda que o ministro Patriota embarca hoje para a Argentina, onde será realizada a reunião de cúpula do Mercosul. Ele afirmou também que uma possível integração da Venezuela ao Mercosul dependerá da decisão que será tomada sobre o Paraguai.
“É preciso que ocorra primeiro a suspensão do Paraguai no Mercosul para se tomar qualquer decisão sobre a Venezuela. É prematuro antecipar o que será a posição brasileira, que será tomada no mais alto nível”, disse Tovar.
A Venezuela é membro em processo de adesão ao Mercosul. Os parlamentos da Argentina, Brasil e Uruguai aprovaram a inclusão da Venezuela no grupo. Apenas o Parlamento paraguaio não votou o ingresso do país, mesmo tendo o presidente Lugo, ainda no poder, se manifestado favorável à entrada.
Na sexta-feira (29), os presidentes dos países que fazem parte do Mercosul irão se reunir para tratar da questão do Paraguai e à tarde será realizada a reunião da Unasul para tomar posição sobre o mesmo tema.
O porta-voz disse ainda que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse a Patriota, em telefonema no fim de semana, que a avaliação do governo norte-americano é de que houve pouco tempo para Lugo se defender e de que houve ruptura na ordem democrática.
Edição: Davi Oliveira
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