Rio tem menos homicídios, mas ainda registra 13 assassinatos por dia, de acordo com levantamento do ISP

26/06/2012 - 22h09

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O número de homicídios vem caindo no estado do Rio de Janeiro, mas a quantidade de pessoas assassinadas ainda é alta. Em maio foram registradas 398 mortes intencionais, o que representa 12,8 assassinatos por dia. Do início do ano até o mês passado, foram 2.048 vítimas de homicídio doloso, latrocínio, auto de resistência e lesão corporal seguida de morte.

Apesar de um índice alto para um país que não está em guerra, ele é menor do que o registrado nos cinco primeiros meses do ano passado, quando foram assassinadas no estado do Rio 2.319 pessoas.
Os dados foram divulgados hoje (26) em relatório do Instituto de Segurança Pública (ISP), do governo estadual.

Para o sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfiz, coordenador de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), os números apresentados pelo ISP são, ao mesmo tempo, “uma boa e uma má notícia”.

“Temos para comemorar os fatos de que conseguimos frear e começar a reduzir os níveis de violência no Rio de Janeiro. Mas uma taxa de 32,9 casos de homicídios por 100 mil habitantes é três vezes o nível considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica de epidemia quando se atinge dez homicídios por 100 mil habitantes”, disse Waiselfiz.

O sociólogo é autor do livro Mapa da Violência 2012, disponível apenas pela internet, no link http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_web.pdf. No trabalho ele compila dados a partir de informações oficiais, inclusive com números referentes a outros países que enfrentaram guerras, para mostrar a gravidade da situação brasileira.

Segundo ele, o Brasil ocupa atualmente a sexta posição mundial no ranking dos homicídios, com 26,4 assassinatos por 100 mil habitantes. A vizinha Argentina, por exemplo, registra sete homicídios pelo mesmo número de habitantes.

Em termos nacionais, o Rio de Janeiro ocupa a décima segunda posição entre os estados mais violentos, com 32,9 assassinatos por 100 mil habitantes, em 2010, quando registrou um total de 5.267 homicídios.

Apesar do número negativo, a situação melhorou em comparação ao ano 2000, quando o Rio estava em segundo lugar no ranking, com 51 homicídios por 100 mil habitantes, totalizando naquele ano 7.337 mortes intencionais provocadas por terceiros. Em 1995, o índice de assassinatos chegou ao máximo, com 61,9 por 100 mil habitantes, equivalente ao registrado na segunda guerra do Iraque, quando o índice foi 64,9 mortes por 100 mil habitantes.

“Não há vida civilizada com 30 mortes por 100 mil habitantes”, declarou o sociólogo. Ele credita a melhora no índice nos últimos anos no Rio às políticas de repasses de verbas federais para as polícias estaduais, que puderam se reequipar e investir em novas tecnologias, incluindo sistemas de informática e monitoramento por câmeras.

Contudo, Waiselfiz disse que ainda é prematuro para avaliar o efeito da instalação das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) sobre a diminuição da criminalidade. “Há uma tendência desde 1995 de vir caindo o número de homicídios no Rio de Janeiro. Isso não é de agora, não é um fato recente. A tendência se acentua em 2004 e 2005. Mas ainda é cedo para medir os efeitos trazidos pelas UPPs.”

 

Edição: Aécio Amado