Ivan Richard e Danilo Macedo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Comissão Constitucional do Congresso paraguaio, senador Miguel Saguier, defendeu hoje (26) a legalidade do impeachment do presidente Fernando Lugo e justificou a celeridade do processo ao temor de que o ex-presidente, no pleno exercício do cargo, atropelasse o Congresso paraguaio durante o julgamento político.
Acompanhado por um grupo de parlamentares e produtores rurais paraguaios, Saguier está no Brasil para tentar reverter as sanções impostas ao seu país pelo Mercosul e também buscar apoio da presidenta Dilma Rousseff e do Congresso brasileiro para o novo governo.
“Estão dizendo que violamos o direito de defesa do Lugo, mas não nos deixam participar da reunião do Mercosul. Não nos dão nenhum minuto para poder mostrar nossos argumentos. Creio que estão julgando de maneira injusta o Paraguai. De 80 deputados, 76 votaram contra Lugo. De 45 senadores, 39 votaram contra o presidente Lugo”, argumentou Saguier antes de encontro com deputados e senadores brasileiros da Frente Parlamentar da Agropecuária.
“O nosso sistema é muito distinto do sistema brasileiro. No Brasil, quando a Câmara dos Deputados acusa o presidente, o suspendem de suas funções. No Paraguai, não. O presidente que está sendo submetido ao julgamento político continua com a totalidade dos seus poderes, sendo comandante das Forças Armadas e sendo administrador-geral do país. Alem disso, soubemos da presença de conselheiros da Unasul que foram visitá-lo. Ele poderia atropelar o Congresso. O que poderíamos fazer?”, disse o senador paraguaio, acrescentando, “não poderíamos esperar três meses”.
Ex-preso político, Saguier ressaltou que não houve desrespeito à democracia. “Não estamos querendo matar a democracia paraguaia. Não é uma questão de grupos conservadores e reacionários. Fui preso político durante muito tempo na ditadura, sou um democrata. Não podem nos acusar de que estamos violando os direitos”, afirmou.
O presidente da Associação de Produtores Rurais do Paraguai, Germán Ruiz Aveiro, disse que a falta de apoio político e os constantes conflitos entre agricultores e sem-terra foram as principais razões para o impeachment de Fernando Lugo.
“A nossa preocupação é que se lançou uma ideia internacional de que houve um golpe de Estado e esse foi um recurso parlamentar em que o presidente perdeu apoio. Quando o Partido Liberal retira o apoio e pede o juízo político, ele [Fernando Lugo] cai. Fizeram um juízo político por todos os acontecimentos políticos que vinham acontecendo”, disse.
Edição: Fernando Fraga