Renata Giraldi
Enviada Especial
Assunção – A questão dos brasiguaios (produtores rurais e agricultores brasileiros que moram em território paraguaio) é motivo de preocupação tanto do governo do novo governo presidente do Paraguai, Federico Franco, como também do ex-presidente Fernando Lugo. Entretanto, eles analisam o tema de forma distinta.
Para Lugo, o apelo dos brasiguaios para o Brasil reconhecer o governo de Federico Franco não deve direcionar as relações bilaterais. Ele disse que a agenda bilateral do Brasil com o Paraguai envolve pelo menos 30 temas distintos e que a questão dos brasiguaios é apenas um dos assuntos. “Eles têm todo o direito de pedir [o reconhecimento do Brasil ao governo Franco]. Mas esse não é o único interesse que há na agenda [dos dois países]”, ressaltou o ex-presidente.
O ministro das Relações Exteriores paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, por sua vez, reiterou hoje (25) que a questão dos cerca de 350 mil brasiguaios – número referente à comunidade de brasileiros e descendentes no Paraguai – está entre as prioridades do novo governo. Segundo o chanceler, o esforço do governo é para manter o melhor relacionamento o possível com o Brasil em busca de solução para o impasse envolvendo os brasiguaios.
Os brasiguaios relatam que sofreram perseguição nos últimos anos e ficaram impedidos de trabalhar. A maioria vive nas áreas de fronteira do Brasil com o Paraguai e se queixam da falta de apoio das autoridades paraguaias.
Há entre os brasiguaios grandes, médios e pequenos produtores rurais. Mas todos reclamam das tensões no campo. Eles contam que são ameaçados por carperos (sem-terra paraguaios) e sofrem discriminação porque não são considerados paraguaios.
Ontem (24), representantes dos brasiguaios encaminharam à presidenta Dilma Rousseff um pedido solicitando que o governo do Brasil reconheça o governo de Franco. O documento foi entregue ao cônsul do Brasil em Ciudad de Leste, embaixador Flávio Roberto Bonzanini.
“[Solicitamos] que o governo do Brasil, no menor tempo possível, reconheça o novo governo paraguaio e restabeleça a fraterna relação que sempre existiu entre Brasil e Paraguai. Essa decisão é fundamental para dar tranquilidade ao povo paraguaio e à comunidade brasileira [que vive em território paraguaio]”, diz o documento.
Edição: Davi Oliveira
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