Renata Giraldi
Enviada Especial
Assunção (Paraguai) – O ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo disse hoje (24) que está em contato com os embaixadores do Brasil e dos demais países vizinhos para agradecer o apoio que recebeu e transmitir informações sobre a situação política no país. Em entrevista concedida no começo desta tarde, Lugo reiterou que foi alvo de um golpe de Estado e apelou para que os paraguaios reajam com manifestações pacíficas.
O ex-presidente disse que conversou hoje com o embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos, e pediu que ele leve informações a Brasília. Ontem (23) o governo do Brasil emitiu nota reiterando as críticas à forma como o ex-presidente deixou o poder e ratificando que houve o rompimento da ordem democrática no Paraguai.
Nos bastidores, aliados de Lugo se articulam para reverter a situação política no Paraguai. Há um esforço para mobilizar o Congresso e permitir que o ex-presidente retorne ao poder. Porém, as negociações estão ainda no começo. Analistas políticos paraguaios avaliam que essa possibilidade é mínima.
Para Lugo, é falsa a tranquilidade vista nas ruas de Assunção e das cidades aos arredores da capital paraguaia. Segundo ele, os paraguaios estão indignados e reagirão ao que chamou de “golpe de Estado”. “Não está tudo tranquilo [como querem mostrar] , foi rompida a ordem democrática. É preciso exercer a cidadania com protestos pacíficos”, disse ele.
Lugo disse também que vai participar da Cúpula do Mercosul, em Mendoza, na Argentina, nos próximos dias 28 e 29. Na ocasião, ele pretende sugerir que seja prorrogado o prazo do Paraguai na presidência pro tempore da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) – que reúne 12 países da região.
Ao ser perguntado sobre eventuais sanções impostas pelos países vizinhos, o ex-presidente disse que essa é uma decisão soberana e que cabe a cada governo definir sobre o tema. Ontem o Brasil indicou, por meio de nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, que não pretende adotar restrições ao Paraguai.
Lugo disse ainda que reconheceu a validade do impeachment, aprovado na sexta-feira (22), para evitar consequências mais graves ao país. “Reconheci para não ter um banho de sangue no país”, ressaltou. Ele repetiu várias vezes que o processo denominado “juízo político”, segundo a Constituição paraguaia, foi conduzido de forma ilegítima.
“Estamos com a certeza de que houve um golpe de Estado contra a vontade popular. Não há dúvidas sobre isso”, destacou o ex-presidente. “Esse não é um tema de Fernando Lugo. É um tema de interesse de todos. Houve o rompimento do processo democrático para forçar a destituição do presidente da República”, completou.
Edição: Juliana Andrade
Marco Aurélio Garcia diz que Brasil não vai intervir em questões internas do Paraguai
Segurança para os brasiguaios está garantida não só em palavras, mas em ações, diz ministro
Brasiguaios querem que Dilma reconheça novo governo e apelam pelo apoio das autoridades brasileiras
Brasil condena destituição de Lugo e chama embaixador para prestar esclarecimentos
Mesmo após impeachment, Lugo pode concorrer a eleições no Paraguai
Aliados de Lugo criarão frente de resistência ao novo governo do Paraguai
Igreja Católica do Paraguai cobra do novo governo reforma agrária e justiça social
Em Brasília, grupo protesta contra impeachment de Lugo em frente à Embaixada do Paraguai