Renata Giraldi
Enviada Especial
Assunção (Paraguai) – Sob a tensão provocada pelas críticas do Brasil à destituição do presidente Fernando Lugo, o novo governo do Paraguai intensifica as negociações para dar garantias de segurança aos brasiguaios (agricultores brasileiros que moram em território paraguaio). O novo ministro do Interior, Carmelo Caballero, responsável pela condução da política interna no país, disse que a questão dos brasiguaios é uma das prioridades do presidente Federico Franco.
“Os que vocês chamam de brasiguaios merecem todo o nosso respeito. Vamos conversar muito e analisar essa situação”, disse Caballero. “A segurança deles está não só garantida por palavras, mas por ações. Estamos retomando o controle da ordem interna para reduzir as ameaças de insegurança.”
Os brasiguaios, que vivem na sua maioria na região de fronteira do Brasil com o Paraguai, queixam-se da falta de apoio das autoridades paraguaias. Os agricultores contam que, em geral, são ameaçados por carperos (sem-terra paraguaios) e sofrem discriminação porque não são considerados paraguaios. Muitos estão no país há mais de duas décadas e tiveram filhos, que nasceram no território paraguaio.
O novo presidente Federico Franco chamou ontem (23) os brasiguaios de “cidadãos paraguaios”, na tentativa de desfazer o desconforto. O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, José Félix Fernández Estigarribia, também prometeu dar atenção ao tema. No entanto, ele lembrou que a questão agrária no Paraguai é delicada.
No país vizinho, agricultores chamados de campesinos têm força política, depois que passaram a se organizar em entidades específicas, e conquistaram espaço político. Lugo foi um dos defensores do fortalecimento desses grupos. Paradoxalmente, um conflito no campo entre agricultores e agentes da polícia agravou a situação política de Lugo motivando seu impeachment.
Edição: Juliana Andrade