Carolina Pimentel e Luciana Lima
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A defesa do presidente paraguaio, Fernando Lugo, alegou hoje (22) que ele está sendo vítima de perseguição política e que a abertura inesperada de processo de impeachment contra ele é inconstitucional.
O advogado Adolfo Ferreiro, um dos que representaram Lugo em sua defesa no Senado, disse que as mortes resultantes de conflitos entre camponeses e policiais não caracterizam uma situação de mau desempenho de Lugo no cargo de presidente.
"Alegam mau desempenho do presidente, mas não explicam por que razão ele teria incorrido em mau desempenho de suas funções. Não há nenhuma explicação técnica, e este processo demonstra total desconhecimento da estrutura política do Paraguai. Querem cassar um presidente eleito por professar ideias que são contrárias às ideias de seus julgadores", afirmou Ferreiro.
Entre as razões apontadas pelos deputados entraram com o pedido de impeachment estão a ligação de Lugo com movimentos sociais atuantes no campo e o conflito ocorrido há uma semana em uma fazenda no Nordeste do país, no qual morreram 17 pessoas. "Os acontecimentos trágicos não podem ser caractrizados como um mau desempenho do presidente", reforçou o advogado.
Lugo é acusado de instigar a invasão de terras no país. Os deputados também o acusam de submeter as forças de segurança a ordens dos movimentos sociais. Com isso, os parlamentares dizem que o presidente é incapaz de conter uma onda de violência no país.
De acordo com a imprensa local, enquanto o julgamento ocorre no Senado, manifestantes permanecem em frente ao Congresso Nacional em apoio ao presidente. O policiamento foi reforçado para conter possíveis conflitos.
Outro advogado de Lugo, Emílio Camacho, defendeu que a forma como o processo está sendo conduzido afeta a "soberania popular". "Se condenarmos um presidente da República, estaremos nos condenando", disse Camacho.
A defesa de Lugo teve duas horas para apresentar seus argumentos. A partir de agora, os senadores vão avaliar os argumentos da defesa e da acusação para decidir se será cassado mandato do presidente. Para tirá-lo do poder, são necessários 30 votos a favor do pedido, o equivalente a dois terços do Senado, formado por 45 senadores.
A previsão é de que a palavra final do Senado seja divulgada às 17h30, horário de Brasília. Lugo decidiu não comparecer ao julgamento político e perrmancer no Palacio de López, sede do governo.
Edição: Nádia Franco