Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
Enviadas especiais da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Ternos, trajes indígenas, indianos, africanos e burcas misturam-se nos corredores e salas do Riocentro, espaço que sedia a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. Em meio à diversidade cultural, uniformes padronizados identificam as pessoas credenciadas pela organização do evento para auxiliarem os participantes da conferência.
Na entrada do pavilhão principal mais de cinco funcionários, que falam vários idiomas, se alternam para dar informações aos que chegam à Rio+20. O estudante africano Daniel Mabundu Kibwila é o responsável pelo atendimento em francês.
“São pessoas de todos os países e de todos os tipos. Há grupos de organizações não governamentais muito interessados em saber sobre tudo. Mas tem gente que chega aqui estressada, querendo informações rápidas sobre o local de salas onde estão acontecendo alguns debates”, disse Kibwila.
Depois de quatro anos no Brasil, Kibwila, que nasceu na República Democrática do Congo, contou que entre as cobranças mais recebidas estão os pedidos para obtenção de informações por escrito. “Muitas pessoas cobram programas e documentos em papel. Não podemos distribuir papel. Mas [infelizmente] algumas pessoas não compreendem”, disse ele.
Contratados para garantir a limpeza do local, Cleir e Augusto se revezam para deixar o local sempre impecável. Todo o lixo recolhido pela dupla está sendo separado. No caso de Augusto, é a primeira oportunidade de emprego em um evento.“É uma experiência legal ver tanta gente diferente”, diz o servente com olhos atentos a todos os lados.
Em vários pontos dos cinco pavilhões do Riocentro estão distribuídos conteineres para a coleta de lixo reciclável, não reciclável e para baterias. Além de assegurar que essa separação seja respeitada até o destino final, a carioca Cleir observa e admira as diversidades. “É de engrandecer a alma. Tem um grupo aqui que se ajoelha todos os dias e faz um tipo de louvor. Acho que é da cultura deles. É bem bonito”, disse ela.
Fotógrafos e jornalistas, que usam crachás específicos para a imprensa, não deixam de lado seus trajes e costumes típicos. As mulheres muçulmanas mantêm os véus sobre os cabelos, as da Índia e do Sri Lanka usam roupas leves e coloridas, assim como as africanas chamam a atenção pelos turbantes e vestidos estampados. No total, são representantes dos 193 países que integram as Nações Unidas presentes na conferência.
Para transportar os participantes, há motoristas responsáveis por 30 pequenos veículos autorizados a circular pelos corredores do Riocentro, como carrinhos de golfe. Para Tiago Ávila, acostumado a trabalhar em eventos, são curtas as viagens que ele classifica como de “muito conhecimento”.
“A gente conhece tanta cultura diferente aqui. Falo mal o inglês e o espanhol, mas sempre conseguimos nos comunicar. Geralmente eles falam o número do pavilhão que querem e aí fica fácil. Quando complica, pedimos ajuda para o pessoal da organização”, disse Ávila, que demonstra orgulho por participar do evento.
O esquema de organização será mantido até o próximo dia 22, quando acaba a Rio+20, com a definição dos compromissos firmados pelos 115 chefes de Estado e de Governo. A presidenta Dilma Rousseff encerra o evento, que tem a partir de hoje (16) o Brasil no comando das principais negociações políticas.
Edição: Andréa Quintiere
Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Rio+20.