Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Pouco mais de um terço da população tem dívidas, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que hoje (12) divulgou a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira: Inclusão Financeira, realizada em parceria com o Ibope.
De acordo com a CNI, o percentual de devedores é maior entre os homens, e as pessoas de renda familiar mais baixa apresentam maior dificuldade em pagar as dívidas. É a primeira vez que a CNI faz esse tipo de pesquisa e, por isso, não é possível ter comparações com períodos anteriores. Foram entrevistadas 2 mil pessoas em 141 municípios.
Entre as pessoas que responderam a pesquisa, 37% disseram ter algum tipo de endividamento, seja parcelamento de compra, empréstimo ou financiamento, ante os 62% que disseram não estar endividados. Entre os homens, 41% revelaram ter dívida e, entre as mulheres, o percentual ficou em 35% .
“Ter dívida não representa inadimplência. Apenas que o entrevistado tem algum tipo de dívida, seja no supermercado ou no financiamento imobiliário”, explicou Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa da CNI.
A pesquisa indica ainda que o percentual de endividados cresce conforme a renda familiar e o grau de escolaridade. Ou seja, 53% dos que recebem mais de dez salários mínimos, ante os 26% que recebem até um salário mínimo. O endividamento é maior também entre os que têm ensino superior, com 51% ante os 33% com ensino até a 4ª série do ensino fundamental.
Sobre os meios de pagamentos, a CNI destacou que quatro em cada cinco brasileiros optam pelo dinheiro como principal meio de pagamento. Já o cartão de crédito é usado por 13% da população como principal meio de pagamento. A pesquisa revela ainda que mais de um terço da população não possui conta em banco e os que não têm alegam falta de condições financeiras. Ou seja, 60% dos que não têm conta estão nessa situação.
No Brasil, conforme a pesquisa, 12% da população não utilizaram nenhum serviço bancário nos últimos 12 meses, e o serviço com mais usuários é o pagamento de contas, com 76% da população. Outra dado do levantamento é que o percentual dos que utilizam o atendimento pessoal dos serviços bancários chega a 93% das pessoas. A internet foi utilizada por 15% dos que utilizaram serviços bancários nos últimos 12 meses.
Apenas três em cada brasileiros fazem algum reserva de dinheiro. Dos que guardam dinheiro, 68% o fazem por meio de caderneta de poupança e outros 16% ainda guardam os recursos em casa. “O fato de ter três em cada dez brasileiros realizando algum tipo de poupança é indicador relativamente baixo e mostra a expansão do consumo. E como 32% têm algum tipo de endividamento, a pesquisa mostra que as pessoas estão tomando crédito para consumir”, destacou Danilo Garcia, economista da CNI.
Cerca de 80% da população utilizam os correspondentes bancários, lotéricas, por exemplo, como um dos dois principais locais de pagamento de contas. A internet e o débito automático são os meios de pagamento considerados mais fáceis para utilização. E aproximadamente 30% dos brasileiros receberam ou enviaram recursos para outra pessoa nos últimos meses. Dentre esses, 59% o fizeram por meio de caixa eletrônico.
Edição: Lana Cristina