Da Agência Brasil
Brasília - Diretores do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) flagraram casos de falta de assistência a pacientes na visita que fizeram na tarde dessa segunda-feira (11) ao Hospital Regional de Sobradinho (HRS) para saber qual é a situação do atendimento no local.
O grupo percebeu que o principal problema do hospital é a falta de médicos. Durante todo o dia, a clínica médica do HRS atuou com apenas quatro profissionais – dois de manhã e dois à tarde – para atender aproximadamente 30 pessoas. O resultado da falta de recurso humano era visto nos corredores, cheios de macas e cadeiras de rodas nas quais os pacientes esperavam por atendimento.
Essa situação será denunciada ao Ministério Público, ao Conselho Regional de Medicina e a outros órgãos, assim como à comunidade de Sobradinho, “para tomar conhecimento de como está sendo tratada a saúde da cidade e de como os profissionais estão sendo sobrecarregados e pressionados”, afirmou o presidente do sindicato, Gutemberg Fialho.
O SindMédico-DF vai continuar visitando os hospitais do Distrito Federal sem aviso prévio. Segundo o presidente do sindicato, a realidade do HRS é semelhante à encontrada em outras cidades-satélites.
Nicassio Armando, 43 anos, sofreu um acidente de moto na sexta-feira (8), quebrou a perna em três lugares e não tem previsão de quando vai passar por uma cirurgia. Ele aguarda o atendimento com a perna enfaixada, deitado em uma maca.
A necessidade de médicos alcança outros setores do hospital. Na obstetrícia, as pacientes usualmente passam cerca de duas horas aguardando atendimento, segundo depoimento dos profissionais de saúde, quando o ideal é que a espera não ultrapasse 20 minutos.
A pediatria estava funcionando com os três plantonistas do dia, mas essa é uma situação incomum. Uma das médicas, que não quis se identificar, disse que o setor costuma funcionar com apenas dois pediatras para atender cerca de 200 crianças por dia.
Nos plantões pediátricos, a necessidade de médicos se acentua: o horário da tarde não é preenchido porque, mesmo que os médicos se ofereçam para o serviço, não há verba para pagar as horas extras.
Sempre que há concursos públicos, novos médicos são indicados para o HRS. O problema é que a maior parte vai embora depois de algum tempo. De acordo com o presidente do SindMédico-DF, as condições de trabalho do local não atraem os profissionais, devido à sobrecarga de trabalho e à insalubridade.
A ortopedista Cláudia Gomes dos Reis atende os pacientes de lado, já que se senta de frente para uma parede. Por causa da posição desconfortável, ainda sofre com dores nas costas. Mas esse não é o único problema da área: dos quatro consultórios que existem no setor, só um tem porta.
“Quando a gente vai examinar um paciente que precisa se despir, tem que esperar acabar a consulta e entrar no quarto. Aí, espera o outro sair, examina e volta”, explica, a ortopedista. Ela completa que o local também precisa de álcool em gel e de pias. “A única pia é a do gesso. A mesma água em que você lava as mãos é a água em que vai ser molhado o gesso usado no paciente”.
Além de necessitar de médicos, o HRS precisa também de espaço para que os pacientes não fiquem concentrados nos corredores. Existe um projeto que determina um terreno de 3.000 m² e uma verba de R$ 10 milhões para construir um novo prédio para a emergência. Um novo bloco, chamado de Materno-Infantil, tem data de entrega prevista para o dia 30.
A coordenadora-geral de Saúde de Sobradinho, Joana d'Arc da Silva, lembra que, enquanto esses espaços não estiverem prontos para uso, não há como contratar mais médicos para o hospital. “A gente está investindo em conseguir os terrenos para construir. Nessas condições aqui, tem dia que não tem nem consultório para todos. Como aumentar o número de médicos nessa estrutura estrangulada?”, questiona.
Nem todas as áreas do hospital, entretanto, se encontram em situação ruim. A ortopedia cedeu uma de suas enfermarias para a emergência, que agora consegue atender seis pacientes em média, nos quatro leitos, a cada 24h. Além disso, o local recebeu equipamentos melhores e se situa numa área silenciosa, o que facilita a recuperação dos pacientes.
Edição: Davi Oliveira