Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O pedido de asilo político ao governo brasileiro do senador boliviano Roger Pinto Molina (de oposição), que está abrigado há quatro dias na Embaixada do Brasil em La Paz, gera polêmica no governo do presidente Evo Morales. O ministro do Interior, Carlos Romero, disse ontem (31) à noite que há uma vasta documentação que comprova as denúncias de corrupção e uma série de irregularidades envolvendo o parlamentar boliviano. Para o governo, o parlamentar não prestou os devidos esclarecimentos à Justiça do país.
Segundo Romero, os documentos foram remetidos à Justiça e ao Ministério Público. "A documentação do senador foi enviada ao Ministério Público para as investigações necessárias e também será encaminhada à Força Especial de Luta contra o Narcotráfico [porque supostamente o senador não prestou esclarecimentos sobre investigações em curso]”, disse.
O ministro lembrou que o senador foi acionado anteriormente para prestar esclarecimentos à Justiça sobre uma eventual rede formada por funcionários públicos, juízes, advogados e policiais que atuam no tráfico de drogas no país. Mas, segundo Romero, Molina não prestou as informações.
Em seu pedido de asilo ao governo do Brasil, encaminhado no dia 28, Molina não menciona as suspeitas levantadas pelo governo Morales. Ele alega que foi movido a pedir asilo porque é alvo de perseguição política no país em decorrência de sua atuação em defesa dos direitos humanos. O vice-presidente da Bolívia, Alvaro Linera, negou a perseguição política contra Molina.
Até ontem, o Ministério das Relações Exteriores informou que o pedido de asilo encaminhado por Molina estava sob análise e não havia uma decisão. Não há prazo para o governo brasileiro decidir sobre o tema. O assunto foi conversado pelos chanceleres do Brasil, Antonio Patriota, e da Bolívia, David Choquehuanca, analisando a questão com base na Convenção de Caracas sobre Direito de Asilo.
*Com informações da agência pública de notícias da Bolívia, ABI//Edição: Graça Adjuto