Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mesmo sem ser convocado pelos parlamentares, o governador de Goiás, Marconi Perillo, foi hoje (29) ao Senado se oferecer para depor na comissão parlamentar mista de inquérito que investiga as relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.
Perillo é citado em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal que teriam como personagens integrantes do esquema de Cachoeira, suspeito de controlar um esquema de jogos ilegais em Goiás. Em uma das gravações, um dos membros do esquema dá a entender que levaria dinheiro para o governador, no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano. Além disso, Cachoeira foi preso em uma casa que já foi de Perillo e cuja venda ainda levanta questionamentos entre os membros da CPMI.
Foi para esclarecer esses e outros questionamentos sobre sua relação com o empresário que o governador foi ao Senado. “Vim espontaneamente à CPI, entreguei um requerimento ao presidente, senador Vital do Rêgo [PMDB-PB], colocando-me à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre a minha ação, o meu governo ou quaisquer dúvidas em relação à minha lisura. Tinha disposição de falar hoje à CPI, mas o presidente disse aos líderes que não seria possível falar por se tratar de uma pauta administrativa”, disse Perillo pouco antes de ir embora sem falar aos parlamentares.
Em entrevista, no entanto, o governador voltou a negar que tivesse relações próximas com o empresário e disse que, em apenas uma das escutas telefônicas, ele fala diretamente com Cachoeira, para cumprimentá-lo pelo aniversário. “Estive com ele pouquíssimas vezes, em encontros absolutamente fortuitos. Não tive jamais qualquer tipo de relacionamento com ele, a não ser uma vez que eu o recebi no palácio e dois ou três poucas vezes que eu o encontrei em eventos festivos ou sociais”, disse o governador.
Perillo enfatizou ainda que nunca houve qualquer tipo de relação do grupo de Cachoeira com o governo do estado. “Posso assegurar e direi isso à CPI”. E acrescentou que os contratos com a Delta Construção, em Goiás, são “muito pequenos em comparação ao resto do país”. Carlos Cachoeira é suspeito de ser sócio oculto da Delta, que participa de diversos contratos públicos.
A CPMI investiga se a empresa era usada pelo empresário para lavar dinheiro e fraudar licitações. Segundo Perillo, os contratos da construtora com o governo goiano estão sendo auditados. Por fim, o governador disse que não está preocupado em ter seus sigilos bancário, fiscal ou telefônico quebrados.
A convocação de Perillo e dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, chegou a ser colocada em pauta, nesta terça-feira, na reunião da CPMI, mas o pedido foi retirado pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo. O motivo foi um questionamento sobre a prerrogativa da comissão para convocar governadores. Os governos de Agnelo e Cabral também têm contratos com a Delta Construção.
Edição: Lana Cristina