Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao apresentar hoje (17) requerimento para ter acesso a todas as gravações telefônicas entre o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja, em Brasília, Collor destacou em seu discurso que o jornalista havia prestado informações em outra ocasião "em favor" de Carlinhos Cachoeira.
O requerimento não foi aceito pelo relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), mas causou discussão entre os parlamentares.
De acordo com a assessoria de Collor, a ocasião à que o parlamentar se referiu foi o testemunho de Policarpo Jr. durante o processo de cassação do deputado André Luiz, no Conselho de Ética da Câmara, em 2005.
O deputado André Luiz, na época, era acusado de extorquir R$ 4 milhões de Cachoeira, para que o nome do empresário, hoje investigado pela Polícia Federal nas operações Monte Carlo e Vegas, não figurasse no relatório final da CPI da Loterj, que funcionou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2004.
No depoimento à Comissão de Ética, como convidado, o jornalista Policarpo Jr, confirmou ter gravações que desmentiam a versão apresentada pelo deputado André Luiz, que negava a extorsão. Esse depoimento foi tomado na presença do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR) e seguido do depoimento do perito Ricardo Molina, da Universidade Federal de Campinas, que atestou que as gravações eram verdadeiras.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), no entanto, classificou o pedido de Collor de atentado à liberdade de imprensa e de caráter "persecutório". "A função do jornalista é investigar. O jornalista de investigação conversa sim com pessoas próximas aos crimes”, defendeu Miro. Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que Collor estava fazendo um "acerto pessoal" com a imprensa. "Esse requerimento tem inconstitucionalidade chapada", destacou.
Já os deputados e senadores do PT apoiaram o pedido feito pelo Collor. De acordo o deputado Paulo Teixeira (MG), o pedido não tem a intenção “de investigar a imprensa” e sim de apurar uma possível conduta inadequada do jornalista. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também concordou com o resgate das informações e disse que os integrantes da comissão estavam considerando o jornalista “um intocável”. “Parece que tem intocáveis aqui, mas não se enganem, tudo virá à tona”, destacou.
A Agência Brasil tentou ouvir o jornalista Policarpo Jr., nesta sexta-feira (18), mas não obteve resposta.
Edição: Talita Cavalcante// Matéria alterada às 13h32 de sexta-feira (18) para esclarecer informações.