Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Os organizadores da Cúpula dos Povos, reunião de movimentos populares paralela à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), estão tendo dificuldades para acomodar os 18 mil participantes esperados para o encontro, que ocorrerá de 15 a 23 de junho na capital carioca. Entre as reclamações estão preços exorbitantes cobrados pelos hotéis no período da conferência e a falta de uma posição mais ativa da prefeitura do Rio em oferecer ajuda.
Eles rejeitaram definitivamente a utilização do Parque da Quinta da Boa Vista como local de acampamento para os representantes de movimentos sociais, por considerarem muito longe do Parque do Flamengo, onde acontecerão as discussões. Nesse local deverão ficar os participantes independentes. Agora os organizadores trabalham com espaços alternativos oferecidos pela prefeitura, como o Sambódromo e alguns colégios públicos do modelo Ciep.
O integrante da secretaria operativa da cúpula, Carlos Henrique Painel, criticou a política de preços do setor hoteleiro carioca e disse que nem a redução de 20% nos valores das diárias, oferecida ao governo pelos empresários, seria suficiente. Embora a maioria dos integrantes da cúpula vá ficar acampada, muitos participantes, principalmente os mais velhos, preferem se hospedar em hotéis.
“É um cartel que delibera o preço. Diárias que normalmente custariam R$ 180 chegam a R$ 700”, disse. “Eles não entenderam o que é este evento, a importância de poder trazer pessoas para a cidade. Acho que eles poderiam ser inclusivos nesse processo, sem praticar preços exorbitantes”.
Segundo Painel, a dificuldade em se achar quartos de hotéis a preços razoáveis já está provocando a desistência de alguns integrantes de movimentos sociais. “Vai haver uma diminuição de pessoas dentro da cúpula. Os custos no Rio se tornaram proibitivos para muita gente que gostaria de estar aqui.”
O Sambódromo poderá abrigar até 8 mil integrantes da cúpula, segundo cálculos da integrante da organização Tica Moreno. A prefeitura já disponibilizou dois Cieps, com capacidade total de abrigar mil pessoas. Porém isso ainda é insuficiente, segundo o levantamento feito por ela. Já estão confirmados 2,5 mil integrantes da Via Campesina; 1 mil da Marcha das Mulheres; 1,2 mil do Fórum Nacional de Reforma Urbana e 4,8 mil dos movimentos negros. Somado a esses, chegarão 4 mil estudantes dos movimentos jovens, além de milhares de participantes independentes, que desembarcarão carregando mochilas, sacos de dormir e barracas.
“Em outros encontros internacionais que já participamos, como o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, nós tivemos uma atuação bem mais decisiva da prefeitura local em nos ajudar”, comparou Tica. Os organizadores da Cúpula dos Povos concluíram hoje (13) um encontro de três dias, ao final do qual divulgaram um documento com críticas à Rio+20.
Mais informações podem ser acessadas na página www.cupuladospovos.org.br
Edição: Fábio Massalli