Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Moradores do Riacho Fundo, região administrativa localizada a cerca de 30 quilômetros do Plano Piloto em Brasília, passaram por um susto na madrugada de hoje (12), após encontrarem material supostamente radioativo em um galpão com objetos destinados a leilão. A primeira denúncia foi feita ontem por volta das 22h ao Corpo de Bombeiros, após serem encontradas três máquinas de raio X. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) foi acionada e chegou ao local à 1h.
De acordo com a Cnen, tudo não passou de um susto. “Mas é importante aproveitarmos situações como essa para esclarecermos à sociedade sobre o que fazer ao se depararem com equipamentos suspeitos de conterem radioatividade”, disse à Agência Brasil o chefe da Divisão de Atendimentos a Emergências Radiológicas e Nucleares do Cnen, Raul dos Santos.
"Qualquer pessoa que encontrar equipamentos suspeitos de conterem radioatividade deve, de imediato, entrar em contato com o Corpo de Bombeiros [no telefone 193] ou com a Defesa Civil [no telefone 199]", informou. Nesse caso, todos os procedimentos adotados, tanto pelos denunciantes como pelos bombeiros, foram os indicados pela autoridade nuclear.
“Eles ligaram aos bombeiros, que adotaram o procedimento padrão e nos acionaram. Era um galpão cheio de material a ser leiloado. Entre eles estavam três máquinas de raio X. O local foi isolado até a nossa chegada. Fizemos uma análise rápida, com equipamentos de varredura e detectores de radiação, mas nada foi encontrado”, disse o chefe do Cnen.
O grande risco que o equipamento pode apresentar não é radioativo, segundo Raul dos Santos. “Equipamentos mais antigos, fabricados há mais de 30 anos, costumam ter, dentro, um óleo chamado Ascarel, que pode provocar contaminação ambiental, mas apenas de caráter químico. Do ponto de vista radiológico não há problemas”.
Ele acrescenta que, há cerca de dez anos, no Rio de Janeiro, houve um caso em que esse óleo foi retirado de um equipamento e usado “para fritar bolinhos de bacalhau. “Infelizmente essa imprudência resultou na morte de quatro pessoas”, acrescentou.
Santos explica que costumam ocorrer, por ano, entre quatro e cinco denúncias desse tipo. A última foi há duas semanas em Belo Horizonte (MG). De acordo com a Defesa Civil do Distrito Federal, esta é a terceira ocorrência registrada no DF desde setembro.
O primeiro caso ocorreu no setor Sudoeste, onde foi encontrado um pote com o símbolo de radioatividade, e o segundo aconteceu durante a Semana Santa em um prédio velho do Gama. Ao abrir a caixa de chumbo de um para-raios, uma pessoa se deparou com o mesmo símbolo e também acionou a Defesa Civil.
A expectativa da Cnen é que, na próxima segunda-feira (14), uma perícia seja feita no equipamento identificado ontem no Riacho Fundo, provavelmente por técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com a Anvisa, todos estabelecimentos precisam de licenciamento da vigilância sanitária local para operarem equipamentos de raio X. Além disso, nenhuma instalação destinada a esse tipo de equipamento pode ser construída ou modificada, e nenhum equipamento de radiodiagnóstico pode ser transferido sem a anuência e a autorização também da vigilância sanitária local.
A Agência Brasil tentou, mas não conseguiu contatar a Vigilância Sanitária do governo do Distrito Federal até as 15 horas. Caberá a ela identificar a origem do equipamento e os responsáveis por seu descarte.
Edição: Rivadavia Severo