Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Chefes de Estado e representantes dos países participantes da Rio+20 terão a oportunidade de conhecer um parque ecológico dentro da favela do Vidigal, na zona sul do Rio, que é mantido apenas com o esforço e a dedicação de seus moradores: o Parque Sitié, onde antes existia um grande depósito de lixo.
“Na época, há 7 anos, eu e mais dois amigos tiramos cerca de oito toneladas de lixo numa áreas de cerca de 300 metros quadrados”, explicou um dos criadores do parque e morador do Vidigal há mais de 40 anos, o artesão Manuel Silvestre de Jesus. “O lixo serviu de material para a construção do artesanato no local e para a própria infraestrutura do parque. O nome foi uma junção da palavra sítio com o pássaro Tié, que existe aqui e estava em extinção. Hoje, o parque recebe cerca de 15 a 20 turistas por semana. E as pessoas da comunidade costumam vir para ler, tirar fotos, ouvir música.”
A visita está marcada para o dia 18 de junho e, além do parque, os integrantes da Rio+20 vão conhecer os projetos sociais e sustentáveis da comunidade e ouvir demandas e reivindicações de seus moradores. Manoel fará a palestra Lixo Urbano e Reflorestamento.
Os três amigos, que fizeram todo o projeto de limpeza e reflorestamento, são os responsáveis pelo parque atualmente. Por meio de um convênio com uma rede de supermercados, eles transformam lixo orgânico em adubo orgânico para uma pequena horta e para novas plantações. “Também fizemos um convênio com o Jardim Botânico que doou várias plantas e hoje temos mais de 50 espécimes de frutos nacionais e internacionais”, disse, orgulhoso.
O artesão já chegou a dar cursos no próprio Vidigal sobre reciclagem de garrafas PET e outros materiais como colchão velho, papelão, câmara de bicicleta, mas, por falta de recursos, hoje enfrenta dificuldades para investir na manutenção do parque e em oficinas sobre reciclagem de lixo e reflorestamento.
Edição: Lílian Beraldo