Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) mudaram a projeção de que não haveria mais cortes na taxa básica de juros, a Selic, este ano. Agora, os analistas esperam uma queda de 0,5 ponto percentual na taxa, de 9% para 8,5% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC marcada para os dias 29 e 30 deste mês. Para o final de 2013, foi mantida a projeção de que a Selic ficará em 10% ao ano.
Essa nova expectativa para este ano foi feita depois da divulgação da ata da última reunião do Copom, em que o BC indicou a possibilidade de novo corte na taxa, mas destacou que qualquer movimento de flexibilização adicional deve ser conduzido “com parcimônia”.
A alteração na estimativa também ocorreu após o governo anunciar, na última quinta-feira (3), mudanças na remuneração da caderneta de poupança. O governo temia a migração de investidores dos fundos de renda fixa para a poupança, com uma Selic menor. Esses fundos são formados por títulos públicos utilizados pelo governo na rolagem da dívida.
Com a queda da Selic, um fundo de investimento, a depender da taxa de administração cobrada pela instituição financeira, pode pagar menos do que a caderneta. Assim, para que o BC tivesse mais espaço para cortar a Selic, sem reduzir a demanda por títulos públicos, foi necessário fazer mudanças na remuneração da poupança.
As novas regras alteram a forma de remuneração dos depósitos, mas somente quando a taxa básica de juros estiver em 8,5% ao ano ou menor do que esse patamar. Se a projeção dos analistas se confirmar, o rendimento da poupança passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR), a partir do dia 31 de maio. Atualmente, a Selic está em 9% ao ano. Assim, a remuneração continua sendo 0,5% ao mês mais a TR.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação no país e influenciar a atividade econômica. O Copom reduz a Selic quando considera que a inflação está sob controle e quer estimular a atividade econômica. No sentido oposto, a taxa é elevada quando a autoridade monetária avalia que a economia está muito aquecida, com alta dos preços. Então, o Copom sobe a taxa para incentivar a poupança, desestimular o consumo e segurar a inflação.
O BC tem que perseguir a meta de inflação, que é 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A expectativa dos analistas do mercado financeiro indica que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 5,12%, a mesma estimativa anterior. Para 2013, a projeção passou de 5,53% para 5,56%. Portanto, nos dois anos, por essas projeções, a inflação deve ficar acima do centro da meta, mas abaixo do limite superior de 6,5%.
Edição: Juliana Andrade
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