Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Vinte projetos culturais que refletem a arte de matriz africana produzida por estados tão diferentes como o Rio Grande do Sul, a Bahia e o Tocantins foram selecionados para receber, nesta segunda-feira (7), o 2º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras.
A iniciativa é do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon), em parceria com a Fundação Palmares e com patrocínio da Petrobras. O Teatro Rival, localizado no centro do Rio de Janeiro, será palco da solenidade.
Representantes dos 20 projetos vencedores das cinco regiões do país receberão o prêmio, sendo dez trabalhos em artes visuais, cinco de dança e cinco de teatro. Serão distribuídos R$ 1,1 milhão em prêmios para utilização na montagem e execução das produções culturais.
Os projetos selecionados nas categorias dança e teatro receberão até R$ 80 mil cada. Já os projetos de artes visuais serão agraciados com recursos de até R$ 30 mil cada.
A presidenta do Cadon, Ruth Pinheiro, em entrevista à Agência Brasil, avaliou que iniciativas como essa “vão melhorar a visibilidade dos artistas afro-brasileiros no país”. Explicou que a maioria dos artistas afrodescendentes não é muito conhecida e, devido a isso, não consegue espaço de divulgação na mídia.
“Eles têm dificuldade de trabalhar na sua arte. Trabalham muito em outras coisas e a arte fica em segundo plano, porque a sobrevivência é imperativa”, disse. Conforme explica, o prêmio é uma oportunidade de os grupos artísticos terem acesso a mais recursos para que possam continuar trabalhando.
Ruth reconheceu que o valor distribuído ainda é reduzido em relação ao universo de artistas existente. Com o objetivo de ampliar os recursos da premiação, a presidenta do Cadon participará amanhã (6), no Rio, de reunião com a comissão julgadora e representantes do Ministério da Cultura e da Fundação Palmares.
De acordo com ela, será uma tentativa de influenciar na elaboração do edital para a terceira edição do prêmio, de maneira que o documento atenda melhor aos projetos culturais. O resultado será, depois, submetido à empresa patrocinadora. O edital da terceira edição deverá ser publicado ao final deste ano e os projetos terão dois meses para se candidatar ao apoio financeiro.
Ser selecionado foi motivo de alegria para o grupo de dança Quilombo Mimbó, de Teresina (PI), criado há dois anos e formado por 20 integrantes diretos e cerca de 100 colaboradores. Um dos dirigentes do grupo é Luiz Carlos Vale. Ele disse à Agência Brasil que “todo mundo ficou muito feliz com a escolha”.
O Quilombo Mimbó já havia ganhado um prêmio anterior da Fundação Palmares. Com os novos recursos, Vale declarou que o projeto será ampliado. “Agora vai ter oficinas, vai ter a feira. Está todo mundo muito empolgado.”
Os projetos vencedores são os seguintes:
Artes visuais - Ó Que Rua Tão Comprida, do Rio Grande do Sul; Vila das Oyás, de São Paulo; Objeto/Oriki: Corpus e Habitus = arte, de Minas Gerais; Cavalo de Santo, do Rio de Janeiro; Afro Retratos, de São Paulo; Terra Renascida - Novos Olhares para a Invernada dos Negros, do Rio Grande do Sul; A Gira, de Pernambuco; Mestre do Coco Pernambucano, de Pernambuco; Quilombos Emigrantes - História do Cocalinho, do Tocantins; e Processos do Silêncio, da Bahia.
Dança - Aratemiolé, de Santa Catarina; Terreiro Contemporâneo de Dança 2ª edição, de Minas Gerais; Festival de Danças Poéticas Negras, de Goiás; Quilombo Mimbó, do Piauí; e Catirandê - A Dança Afro do Tocantins, do Tocantins.
Teatro - Quilombo dos Silva: As Memórias da Negra Resistência Urbana em um Espetáculo Teatral, do Rio Grande do Sul; Abolição, de Minas Gerais; Mães negras - Teatro das Oprimidas, de Goiás; Casemiro Côco em Lendas Emaranhadas, do Maranhão; e O Griot e os Espíritos da Terra - Da Era Cantida aos Dias Atuais, do Pará.
Edição: Davi Oliveira