Da Agência Lusa
Brasília – A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, defendeu hoje (19) a recapitalização direta dos bancos espanhóis por meio dos mecanismos financeiros anticrise da União Europeia. Ela alertou para o “renovado estresse financeiro” na zona do euro como um dos principais riscos para a recuperação da economia global.
Na primeira entrevista coletiva na reunião de primavera do FMI, em Washington, Lagarde elogiou as medidas de austeridade tomadas recentemente pelo governo espanhol. Ela disse que a Espanha está levando a sério a fragilidade de seus bancos após a retração do mercado imobiliário no país, mas declarou que a União Europeia pode fazer mais.
Lagarde sugeriu que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o Mecanismo de Estabilidade Europeia, criados no ano passado para conter a disseminação da crise nos países do continente, sejam usados para recapitalizar bancos na zona do euro. Ela, no entanto, defendeu que o socorro seja direto e deixe de ser canalizado por meio de fundos soberanos, como ocorre atualmente. “Veríamos isto como um movimento para uma maior e melhor integração e uma Europa mais forte e melhor”, adiantou.
Para Lagarde, a reorientação dos fundos deveria ser acompanhada de reforço dos mecanismos de supervisão europeia e de um sistema apropriado de liquidação de bancos. Segundo ela, a economia mundial está se recuperando de forma tímida, mas ainda há riscos elevados, como o aumento do desemprego em economias avançadas e em alguns países emergentes, prolongado crescimento lento, tensões financeiras na zona do euro e preços elevados do petróleo.
Sobre a Grécia, a diretora-gerente do FMI disse que o primeiro-ministro, Lucas Papademos, está levando a sério as reformas econômicas e conseguindo aprovar medidas no Parlamento. Ela, porém, cobrou melhorias na estrutura de arrecadação, como o combate à sonegação, para que o "fardo do povo grego" seja partilhado por todos.
De acordo com Lagarde, os principais temas a serem discutidos na reunião do FMI são a capacidade de supervisão multilateral, as negociações sobre as cotas dos países membros e o lançamento de mecanismos de cooperação para dissipar os riscos à recuperação econômica mundial.