Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A cada semana, são atendidas, em média, no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), 11 vítimas de acidente de trânsito com motocicletas na cidade de São Paulo. Esses acidentados ocupam 60% dos leitos no hospital. E 35% dos casos de óbito advindos de acidentes envolvendo motociclistas têm alguma associação com o uso de álcool ou de drogas.
Os dados foram divulgados hoje (19) pela médica Júlia Greve, professora da FMUSP na área de ortopedia, ao participar do 4º Seminário Álcool e Drogas: O Grande desafio da Segurança no Trânsito, que ocorre em paralelo ao 2º Fórum Segurança e Saúde no Trânsito. Na ocasião, a médica defendeu uma solução urgente para combater esse tipo de ocorrência e os demais acidentes no trânsito, tanto na capital paulista como em outras cidades.
Segundo Júlia Greve, enquanto houve uma redução de 35% no número de acidentes em geral no trânsito, no período de 2008 a 2012, os acidentes que envolvem motocicletas tiveram um aumento de 14% no mesmo período. Esse fato, de acordo com ela, além de implicar em má qualidade de vida, está esbarrando no esgotamento da capacidade de atendimento médico.
Para a médica, existe uma questão cultural e de comportamento que, sob os estímulos de consumo, levaram a capital paulista a ter uma quantidade de veículos de uma maneira geral que supera em mais da metade o total de moradores. Com cerca de 11 milhões de habitantes, a cidade tem uma frota em torno de 7 milhões de carros, motos e caminhões.
Diante disso, a médica informou que tem sido feito um esforço conjunto para reunir os profissionais de saúde, fabricantes de motocicletas, policiais civis e militares, entre outros que lidam com o assunto, para elaborar sugestões a serem propostas para uma mudança no quadro. Ela acredita que a solução é aumentar os investimentos em transporte de massa, no caso, o metrô e, paralelamente, criar restrições para o uso do carro ou das motocicletas como transporte individual.
“A única maneira [de reduzir, drasticamente, os acidentes] é o transporte coletivo por meio do metrô e a população deve se mobilizar para isso”, enfatizou. Outra ideia defendida por Júlia Greve é o aumento no rigor das punições às infrações, como as cometidas por motoristas que dirigem embriagados. A médica sugeriu também que algumas experiências bem sucedidas no exterior fossem adotadas.
Entre os convidados para o seminário e o fórum sobre segurança no trânsito, encontros que prosseguem até amanhã (20), na capital paulista, estão Gjerde Hallvard, do Instituto Norueguês de Saúde Pública da Noruega, Eugênia Maria Rodrigues, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e Chip Walls, do Laboratório de Toxicologia Forense da Universidade de Miami.
Edição: Lana Cristina