Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - No Dia Mundial da Voz, o Hospital das Clínicas (HC) inicia hoje (16) uma campanha para orientar a população sobre a importância dos cuidados com as cordas vocais. Até sexta-feira (20), serão feitos cerca de 500 exames de laringoscopia com objetivo de diagnosticar precocemente o câncer de laringe, assim como outras doenças das cordas vocais.
“Trabalhei muito tempo só com a voz e agora estou vendo o resultado”, relata a radialista Edyr de Arruda, de 76 anos. Ela soube da campanha e fez questão de procurar atendimento, pois apresenta sinais de rouquidão frequentes. Rouquidão persistente, por um período acima de 15 dias e sem razão aparente, é o principal sintoma da doença. “Nunca fiz exame desse tipo e agora com a campanha resolvi aproveitar”, conta a radialista. Assim como Edyr, 70% das pessoas utilizam a voz profissionalmente e pelo menos um terço tem a voz como principal instrumento de trabalho, de acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de incidência de câncer de laringe, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por ano, são diagnosticados de 7 mil a 10 mil casos da doença no país. De acordo com Adriana Hachiya, otorrinolaringologista e coordenadora da campanha no HC, a demora em procurar um diagnóstico para a rouquidão é uma das principais dificuldades. “As pessoas negligenciam o sintoma e acham que vai passar. Quando procuraram o médico, já está no estágio avançado e fica difícil preservar a voz”, explica a médica.
Pessoas que fumam, consomem bebida alcoólica e têm histórico de doenças na família são o grupo de maior risco para doenças da laringe, ressalta a médica. Ela lembra que exames periódicos possibilitam o diagnóstico precoce. “Quando isso acontece, conseguimos preservar a estrutura da prega vocal e o paciente fica com um grau leve de rouquidão.”
Além do câncer de laringe, outras doenças podem ser identificadas a partir das exames, como nódulos vocais, edema de Reinke e papiloma. “O nódulo, por exemplo, é muito comum em professores e é uma das razões mais comuns para o afastamento da sala de aula”, diz Adriana Hachiya. O edema de Reinke, por sua vez, é comum em fumantes e responsável pelo tom de voz mais grave, especialmente em mulheres.
As pessoas que participarem da campanha esta semana serão atendidas por uma equipe de otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos. Os pacientes irão receber também materiais informativos e assistir a vídeos sobre o tema. Por dia, a meta é atender de 80 a 100 pessoas, no prédio dos ambulatórios do Instituto Central do HC.
Edição: Juliana Andrade