Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Cerca de 2 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chegaram hoje (16) a Curitiba, segundo dados da organização. Eles vão participar da Jornada de Lutas e Negociações que o movimento promove todos os anos em abril, mês em que trabalhadores sem terra foram mortos no episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996.
Os sem-terra vão à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná para entregar a pauta de reivindicações. Os trabalhadores rurais ficam na capital paranaense até a próxima sexta-feira (20).
“Estamos mobilizados para cobrar dos governos federal e estadual a agilização do processo de reforma agrária que entendemos que se encontra paralisado em todo o país. Somente no Paraná, cerca de 6 mil famílias permanecem acampadas, em situação precária, muitas vezes vítimas da violência do latifúndio e do agronegócio”, disse à Agência Brasil Juvêncio Rosa Ramos, da coordenação da jornada.
Segundo ele, várias reuniões foram agendadas em secretarias do governo estadual, como as da Agricultura, da Educação, e da Cultura. “Estamos reivindicando mais assistência técnica para as 18 mil famílias assentadas no estado. [Pedimos] infraestrutura para os assentamentos, crédito, habitação e renegociação de dívidas, além da construção de escolas na áreas de reforma agrária, e acesso à cultura”, acrescentou.
Integrantes do movimento adiantaram que, além das audiências com representantes do Poder Público, estão previstas ações como o fechamento de rodovias amanhã (17), no Paraná, mas os locais não foram divulgados para não “atrapalhar as manifestações”.
O superintendente do Incra no Paraná, Nilton Bezerra Guedes, disse que deve tratar com os representes do MST questões pontuais sobre os assentamentos no estado. “Vamos esclarecer, em reuniões já agendadas para quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira, como está a situação em relação a novos assentamentos, à infraestrutura e à qualificação e assistência técnica. Assentados e chefias do Incra discutirão juntos a pauta na busca de rápidas soluções”, destacou.
De 2003 a 2011, de acordo com o Incra, foram criados 51 projetos de assentamentos no Paraná, com mais de 8 mil famílias beneficiadas no período. Ao todo, há 18.094 famílias assentadas em 319 projetos de assentamento. Em 2011, foram assentadas mais de 650 famílias.
"O Paraná tem 5,5 mil famílias acampadas aguardando um lote nos assentamentos da reforma agrária. O Incra tem 153 processos de obtenção de novas áreas em andamento que, somadas, dão mais de 135 mil hectares, o suficiente para o assentamento de 9 mil famílias", informou o superintendente.
Edição: Juliana Andrade