Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Embaixada da Itália no Brasil vai começar a contabilizar o consumo e a economia de água e energia com os sistemas sustentáveis implantados na unidade em Brasília. No ano passado, os italianos instalaram um sistema de placas fotovoltaicas, que captam energia da luz do sol, e um modelo de fitodepuração, onde um jardim funciona como sistema de purificação de água já consumida para reutilização no mesmo prédio.
Os italianos garantem que já percebem a redução nos níveis de consumo. Segundo eles, os 405 painéis da planta fotovoltaica já revelam uma economia de 17% em energia. A estimativa de redução do consumo de água é equivalente a um desconto de 50% na cobrança mensal, considerando o pagamento pelo descarte de água residual e tratamento na rede de esgoto.
O passo dado esta semana é pela precisão dos dados. A embaixada fechou acordos com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), a Central Energética de Brasília (CEB) e a Universidade de Brasília (UnB), que serão responsáveis pelo monitoramento das contas.
Para o ministro de Meio Ambiente e da Tutela do Território e do Mar da Itália, Corrado Clini, com este cálculo será possível provar a viabilidade da iniciativa para o mundo. “Confrontamos dois temas cruciais, a energia e a água. E é importante acelerar essa mensuração agora, a dois meses da Rio+20, onde vamos mostrar que somos capazes de traçar um futuro porque estamos investindo em desenvolvimento sustentável”, disse.
Além dos cálculos, os italianos fecharam um acordo com a CEB de troca de energia. Ou seja, durante o período de menor consumo na embaixada, a energia captada pelas placas fotovoltaicas seria direcionada para a rede elétrica da CEB, que devolveria a mesma quantidade de energia nos horários de maior demanda.
Representantes do governo brasileiro defenderam a incorporação do modelo no país. O arquiteto Paulo Cabral, especialista em construções sustentáveis, defende a proposta, mas alerta que isso vai depender do empenho do governo. “É uma questão de vontade política e incentivo governamental para reduzir os custos com essa tecnologia e aos poucos difundir os sistemas. O projeto acrescenta um valor, sim, mas tem retorno garantido do investimento”, avaliou.
Alexandre Rocha, também especialista neste tipo de arquitetura, lembra ainda que o Brasil não tem normas atualizadas para atender esses modelos. “Isso ainda é um dificultador. O projeto é um incentivo excelente e traz vantagens, mas não temos essa regulamentação e o projeto da embaixada pode ajudar muito neste sentido”, afirmou o arquiteto, destacando que, no caso de Brasília, tanto a CEB quanto a Caesb ainda não reconhecem os sistemas em suas cobranças.
O presidente da Caesb, Célio Biavati Filho, disse que a empresa está estudando mudanças na legislação para garantir que o modelo seja usado por qualquer cidadão em pouco tempo, mas não definiu prazos.
A mesma medida está sendo adotada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O diretor do órgão regulador, Nelson José Hübner Moreira, explicou que a agência está criando o regulamento para a tecnologia. “Já terminamos a audiência pública, estamos fechando a análise e vamos levar para deliberação, em no máximo em um mês”, disse. Segundo Hübner, só com a divulgação da audiência pública sobre o assunto diversas empresas sinalizaram com o interesse de investir nessa tecnologia no país.
Edição: Fernando Fraga