Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro, o Cristo Redentor vai ganhar uma iluminação especial no início da noite de hoje (2), em tons de azul, para marcar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa tem o objetivo de chamar a atenção sobre a necessidade do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
Além do monumento carioca, serão iluminados em azul o Teatro Amazonas, em Manaus; o Congresso Nacional, em Brasília; o Empire State Building, em Nova York (Estados Unidos) e o Big Ben, em Londres (Inglaterra).
No Rio de Janeiro, a ação está sendo coordenada por um grupo de organizações não governamentais (ONGs) voltadas ao acompanhamento de pessoas com o distúrbio. Uma delas é a ONG Mão Amiga, que trabalha há 11 anos prestando atendimento a parentes e amigos de pessoas com autismo. A presidente da entidade, Iranice Nascimento, disse que é preciso levar à sociedade mais informações sobre o transtorno, como forma de diminuir o preconceito em relação aos pacientes.
“Muita gente acha que criança autista é mal-educada e que não é capaz de aprender, o que não é verdade. Com o diagnóstico definido, é possível iniciar um tratamento adequado, por meio de terapias diversas, e avançar bastante”, destacou, acrescentando que a programação no Rio também prevê um recital aos pés do Cristo Redentor para destacar o papel da música como uma das terapias que auxiliam no tratamento do autismo.
A psiquiatra Letícia Calmon, da Associação de Amigos do Autismo, entidade ligada à Associação Brasileira de Autismo e que oferece suporte a quem tem o diagnóstico confirmado, explica que os sintomas aparecem antes dos 3 anos de idade e que o tratamento exige uma equipe multidisciplinar.
“O diagnóstico do autismo é clínico, baseado nas informações que a mãe passa e na observação do comportamento da criança. Os principais sintomas, que aparecem nos primeiros anos de vida, são déficit na comunicação, comportamentos repetitivos e dificuldade na interação social. Como não há medicação específica, o tratamento se dá com intervenções comportamentais, que devem ser feitas por uma equipe que inclui fonoterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo comportamental e psiquiatra.”
Jefferson de Oliveira, de 24 anos, recebeu o diagnóstico de quem tem autismo aos 3 anos de idade, após suspeita da pediatra que o acompanhava. A mãe do rapaz, Maria Aparecida Oliveira, diz que o acompanhamento especializado aumenta muito as chances de redução dos sintomas.
“Hoje os profissionais estão mais capacitados para fazer esse diagnóstico. Quem o recebe precisa ter os pés no chão, saber que cura não tem, mas, dependendo do grau do autismo e do tratamento, há uma boa melhora”, disse ela, ressaltando que, com o estímulo de profissionais, o filho conseguiu concluir o ensino médio.
Edição: Juliana Andrade