Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Cordão da Mentira desfila até o final da tarde de hoje (1º) para pedir punição aos torturadores da ditadura militar e reflexão sobre os resquícios do regime na sociedade atual. Para isso, com estilo carnavalesco, os manifestantes passarão por diversos pontos emblemáticos do período dos militares no poder. Tudo amarrado com três sambas e um frevo compostos especialmente para o desfile no aniversário do golpe de 1964 que originou 21 anos de ditadura.
O militante Sílvio Carneiro disse que a música do cordão aproxima os coletivos políticos com o movimento do samba, que tem sofrido repressões na capital paulista. “O Bloco do Saci, por exemplo, é um movimento tradicional do Bixiga, que foi vítima até de gás lacrimogêneo”, disse ele em relação à ação policial no carnaval.
Ações que Carneiro acredita que não são fatos isolados, mas estão conectados em um contexto de repressão herdado da ditadura. “A gente pode ver todo o movimento policial militar da Universidade de São Paulo ou então o que aconteceu aqui na Cracolândia”.
Um dos presentes na concentração do cordão, o ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, Antonio Carlos Fon, disse estar contente pela grande concentração de jovens no movimento. “Vim ver essa garotada que acho que está dando um show de democracia, civismo, participação. Estou muito encantado”, ele que chegou a ser preso na Operação Bandeirante durante o regime militar.
Para Fon, o movimento dá prosseguimento a velhas lutas da sociedade brasileira. “Eu acho que eles homenageiam a história do povo brasileiro. Até porque as bandeiras deles são as bandeiras permanentes do povo: democracia, liberdade, igualdade”.
Entre os jovens estava a estudante de psicologia Stephanie Mota que foi ao desfile para “participar desse coletivo que está fazendo essa manifestação contra a ditadura, contra a repressão e contra a mentira”.
Após a concentração em frente ao Cemitério da Consolação, o cordão desce para a Rua Maria Antônia, palco de um conflito entre estudantes à época do regime, e depois de passar por outros pontos emblemáticos, termina o desfile em frente ao antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), hoje um museu.
Edição: Rivadavia Severo