Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – "Todos os empresários brasileiros deveriam fazer um minuto de silêncio no Dia Mundial de Direito do Consumidor em respeito aos clientes, cada dia mais desprestigiados, maltratados e largados, apesar das leis e regulamentos que asseguram esses direitos." A sugestão é de Marcos Hiller, coordenador de MBA (Master in Business Administration) da Trevisan Escola de Negócios, inconformado com o mau atendimento em bancos, telefônicas, serviços e comércio em geral.
Ele ressalva, contudo, que o aumento verificado no número de reclamações deriva também do fato de os cidadãos estarem mais conscientes de seus direitos. Por isso, reclamam mais.
O setor de serviços é, de longe, o maior responsável pelas queixas dos consumidores, de acordo com a Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP), a começar pelos bancos, que oferecem atendimento precário apesar das tarifas e das altas taxas de juros cobradas dos clientes. Uma constatação do próprio Procon-SP que, todo início de mês, verifica as taxas médias do cheque especial e do empréstimo pessoal, cobradas pelas maiores instituições financeiras no estado de São Paulo: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Safra.
Pela pesquisa, apesar de a taxa Selic (taxa básica da economia) ter recuado de 12,5% ao ano para 10,5% ao ano nos últimos sete meses, antes, portanto, da última redução para 9,75%, os juros das duas modalidades de crédito pesquisadas mantiveram-se praticamente inalteradas.
A taxa média de juros do cheque especial era 9,56% ao mês em agosto de 2011. No início deste mês estava em 9,54%, o que corresponde a 198,4% ao ano. A taxa do empréstimo pessoal continua nos mesmos 5,87% ao mês (98,31% ao ano), embora a Selic tenha perdido 16% de gordura no período em análise, ou 22% depois da redução de 0,75 ponto percentual na semana passada.
Com metodologia de coleta diferenciada, uma vez que pesquisa mais bancos e em todo o país, a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) conferiu seis modalidades de crédito para a pessoa física e computou, em fevereiro, taxa média maior que a do Procon-SP para empréstimos pessoais: 6,33% ao mês ou 108,87% ao ano.
O vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, destaca, contudo, que os juros bancários já estiveram bem mais altos e a taxa coletada no mês passado é a mais baixa desde 1995, quando a associação começou a fazer a pesquisa. Ele acrescenta que a coleta de fevereiro verificou também que a taxa média do cartão de crédito continua liderando o ranking ao marcar 10,8% ao mês, ou 238,3% ao ano.
A manutenção dos juros altos confirma, segundo Miguel Oliveira, que o impacto da queda da Selic é muito pequeno nos financiamentos, e aconselha a quem quiser comprar a prazo que espere mais um pouco, porque o Banco Central já sinalizou que mais reduções devem vir.
Para Cristina Rafael Martinussi, do Procon-SP, o consumidor deve manter toda a cautela ao contratar empréstimo, pois a falta de planejamento, a impulsividade e as facilidades de contratação podem levar o cliente a assumir dívidas desnecessárias, que comprometem o orçamento familiar.
Edição: Vinicius Doria