Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um dia depois de o PR anunciar que passou para a oposição no Senado, insatisfeito por não ter indicado um novo nome para o Ministério dos Transportes, hoje (15) o líder do PDT, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), foi à tribuna para, segundo ele, “tranquilizar” a presidenta Dilma Rousseff sobre a fidelidade do partido ao governo.
Gurgacz disse que o PDT não precisa de cargos para ser aliado e votar a favor dos projetos do governo, “quando eles forem de interesse do país”. “Nós queremos mandar uma mensagem de tranquilidade, de que o PDT vai continuar apoiando o governo e a presidenta Dilma, independentemente de estarmos com ministério”, disse Gurgacz.
Segundo ele, cabe à presidenta definir quem ela quer indicar para o Ministério do Trabalho, que até o ano passado era comandado pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Depois de denúncias de irregularidades na pasta, o ministro pediu demissão e, desde então, o partido discute com o governo uma nova indicação.
Os nomes dos deputados Manoel Dias (PDT-SC), Brizola Neto (PDT-RJ) e Vieira da Cunha (PDT-RS) foram levantados nas negociações que estavam sendo comandadas pelos representantes do partido na Câmara.
No entanto, os senadores não querem condicionar o apoio, nem a sua independência na hora de votar contra o governo, à indicação para o ministério e desautorizaram os deputados do partido de negociar em nome do Senado. “Não vejo legitimidade em deputados federais para falar em meu nome à presidente da República”, disse o senador Pedro Taques (PDT-MT).
Para ele, o partido só terá condição de se manter à vontade em votações relevantes para o governo se não condicionar o apoio à vaga no ministério. “O PDT não pode apoiar a presidente da República em situações não republicanas. Um partido político não pode ser um partido que só pleiteie cargos de ministro”, afirmou Taques.
Na mesma linha, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse em plenário que é contra a presença do partido no Ministério do Trabalho. Para ele, a presidenta Dilma não deveria indicar ninguém por filiação partidária. “Ela prestaria um grande serviço ao PDT e ao país se não indicasse ninguém”, disse Buarque.
Apesar de negar que haja desconforto dos senadores pedetistas com a negociação pela pasta que vem sendo feita pelos deputados do partidoPDT, o líder Gurgacz admite que a Câmara e o Senado têm lideranças diferentes. “Ninguém fala por nós senão nós mesmos”, disse ele. Gurgacz negou que também que a manifestação em plenário seja um recado dos senadores para o governo ou para os colegas de partido. “Será que é difícil ter um partido que não precise de cargos para apoiar o governo?”, perguntou.
Desde a semana passada, a presidenta Dilma enfrenta uma crise política no Congresso. O processo de rebeldia na base aliada do governo começou com a rejeição no Senado ao nome do nome de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O motivo admitido pelos governistas seria a insatisfação dos senadores, em especial do PMDB, com a falta de interlocução com o governo. A recondução de Bernardo Figueiredo ao cargo era apoiada pela presidenta.
Esta semana, a presidenta decidiu trocar os líderes do governo na Câmara e no Senado. A mudança agitou os parlamentares governistas e nenhuma votação relevante foi realizada em nenhuma das duas Casas.
Por fim, o PR no Senado decidiu romper de vez com o governo e passar para a oposição depois que o líder do partido, senador Blairo Maggi (MT), disse que as “portas foram fechadas” pelo governo. O PR tentava ter de volta o Ministério dos Transportes e não foi atendido pela presidenta Dilma.
Edição: Nádia Franco