Renata Giraldi e Carolina Pimentel
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (vinculada à Secretaria Nacional de Direitos Humanos), Salete Valesan Camba, condenou a onda de agressões a moradores de rua. Só hoje (10), dois moradores de rua foram mortos a tiros em Brasília e um terceiro queimado em Campo Grande (Mato Grosso do Sul). O assunto será tema da reunião da Coordenação do Comitê das Populações de Rua, no fim do mês, em Brasília.
“Há a necessidade de uma política federativa, construída a partir de ações comuns do governo federal com os governos estaduais e municipais e o apoio da sociedade. É preciso prevenir a violência e combatê-la”, disse à Agência Brasil Salete Camba. “Estamos muito preocupados. Parece que há uma circulação de violência. Isso é muito grave. A sociedade precisa se indignar e não pode aceitar tudo isso como normal.”
Segundo a secretária, desde o ano passado os governos se uniram em busca de alternativas para garantir assistência aos moradores de rua. Salete Camba lembrou que recentemente as agressões se voltaram às comunidades empobrecidas de São Paulo. “A partir daí, houve vários casos”, acrescentou.
Na manhã de hoje, por volta das 7h, dois moradores de rua de Brasília foram assassinados a tiros. Eles dormiam sob árvores, em uma região nos arredores da capital. Pelas investigações preliminares, o atirador disparou várias vezes contra os homens.
O caso é investigado pela 21ª Delegacia de Polícia. Ainda não há informações sobre as motivações do crime. A perícia esteve no local e localizou cápsulas das balas utilizadas. Os dois homens mortos estavam sem documentos.
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, um morador de rua também foi vítima de agressões hoje. O jovem, de 22 anos, foi amarrado a uma árvore e teve 40% do corpo queimados. Ele está internado.
Há duas semanas em Brasília, um comerciante contratou um grupo de jovens para queimar dois homens que moravem em frente à loja dele. Uma das vítimas morreu e a outra está internada em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
A polícia identificou os homens que atearam fogo aos moradores de rua. Segundo os policiais, o comerciante que contratou os homens pagou R$ 100 pelo crime. De acordo com o comerciante, os moradores de rua atrapalhavam seu negócio.
No dia 20 de abril completa 15 anos de um crime que chocou o país. Jovens da classe média alta incendiaram e mataram o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. Em 1997, o índio foi morto no momento em que dormia em uma parada de ônibus na Asa Sul de Brasília. O local ganhou uma praça com o nome do indígena.
Edição: Graça Adjuto