Da BBC Brasil
Brasília - A organização Cruz Vermelha afirmou, neste sábado (3), que foi impedida novamente pelas autoridades da Síria de entrar no distrito de Bab Amr, principal reduto dos oposicionistas. Autoridades do governo disseram que estão retirando entulhos do local, fortemente bombardeado nos últimos dias.
A Cruz Vermelha, representada no país pelo Crescente Vermelho (braço de inspiração religiosa islâmica da organização), disse que não desistirá de entrar em Bab Amr porque a "necessidade" é grande no bairro da cidade, que chegou a ser controlado pelos rebeldes.
Desde abril do ano passado, uma revolta popular tenta derrubar o governo de Bashar Al Assad, cuja família controla o país há quatro décadas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 7.500 opositores já morreram na repressão.
Ativistas denunciaram a morte, por retaliação, de vários militares que deixaram o Exército e se juntaram aos rebeldes para combater Assad. Neste sábado, as autoridades sírias também entregaram a representantes diplomáticos os corpos da jornalista americana Marie Colvin e do fotógrafo Remi Ochlik, mortos durante um bombardeio em Homs.
A Cruz Vermelha informou que o comboio com ajuda humanitária para o bairro de Baba Amr continua estacionado na cidade de Homs. O governo sírio deu autorização, inicialmente, para ajuda humanitária ao bairro.
O porta-voz da Cruz Vermelha, Sean Maguire, disse que "as negociações para entrar no subúrbio de Homs continuam". O correspondente da BBC no Líbano, Jim Muir, disse que a justificativa dada pelo regime sírio é que o distrito estaria infestado de minas.
Ativistas sírios relatam prisões em massa em Homs. Até garotos de 11 anos estariam sendo detidos.
Um dos ativistas relata que muitos corpos foram deixados em uma estrada que dá acesso a Baba Amr.
Também foram registradas explosões e disparos no bairro sírio.
Em um discurso na Assembleia Geral da ONU em Nova York nesta sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse que as autoridades da Síria cometeram claros e amplos crimes contra a população civil do país. Ban também culpou as autoridades sírias por criarem um conflito armado.
"O uso desproporcional da força pelas autoridades sírias fez com que o que era uma oposição majoritariamente pacífica resolvesse pegar em armas em alguns casos", disse.
O embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, acusou Ban de ser mal informado e de usar "uma retórica extremamente virulenta, que se limita a difamar um governo com base em relatos, opiniões e rumores".
Ele disse que combatentes de oposição estão usando civis como escudos humanos em Homs.