Emerson Penha
Correspondente da EBC na África
Maputo - Balanço divulgado pelo governo de Moçambique mostrou que quinhentas salas de aula foram destruídas de janeiro até agora pelas tempestades tropicais. Com isso, 20 mil crianças ainda não começaram o ano letivo de 2012.
Neste ano, já foram registradas quarenta mortes no país, e houve vítimas também nos vizinhos Malawi, na Tanzânia e na Zâmbia. Os ciclones e as fortes chuvas são frequentes durante a temporada das monções no Sudeste Africano, que vai de dezembro a abril.
Segundo o meteorologista Sérgio Buque, do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique, os ciclones surgem porque as altas temperaturas da água do mar aquecem a atmosfera e provocam a formação de zonas de baixa pressão, com violentos deslocamentos de ar. “São ventos muito fortes, chuvas intensas, com alto poder de destruição”.
Na província da Zambézia, no Centro-Norte do país, durante a passagem do ciclone Dando, em janeiro último, choveu em três dias o previsto para três meses. Com isso, houve enchentes e vendavais, principalmente no Vale do Rio Zambeze, um dos maiores da África. Na zona rural, estradas ficaram intransitáveis e pontes não suportaram o volume dos rios.
O governo de Moçambique trabalha para montar uma rede de rádios comunitárias para alertar a população a buscar abrigo em áreas altas durante a passagem dos vendavais. Isso é necessário, segundo Sérgio Buque, porque três em cada quatro moçambicanos não falam português – no país há dezenas de línguas locais. “Eles não têm acesso à televisão em muitas regiões, ou não compreendem português, e as rádios comunitárias transmitem no idioma deles. Por isso é tão importante contar com essa mídia”.
Edição: Rivadavia Severo