Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina
Buenos Aires – Mais de 600 feridos, 200 em estado grave, e 49 mortos. Esse foi o saldo do pior acidente de trem na Argentina desde 1970. O choque dos vagões ocorreu nesta quarta-feira, às 8h30, quando milhares de pessoas se deslocam para o centro de Buenos Aires para trabalhar. Um trem, com 2 mil passageiros, chegou à estação do bairro Once em alta velocidade e chocou-se contra uma barreira da plataforma a 26 quilômetros por hora (km/h).
Alfredo Bras aguardava o trem, na plataforma. Em entrevista à Agência Brasil ele contou o que sentiu ao perceber que o trem ia em sua direção. “Comecei a gritar: o trem não para! As pessoas pensavam que eu tinha enlouquecido. Dei um pulo para trás e senti o impacto da batida. Vi mulheres, desesperadas, batendo nas janelas para sair”. Ele disse que deu um chute no vidro, para quebrá-lo, e arrancar duas mulheres dos vagões. Outras duas estavam mortas.
As autoridades mobilizaram dois helicópteros, dezenas de ambulâncias e carros de bombeiros. Os feridos foram levados a treze hospitais. Flavia Cordoba sofreu algumas contusões e queixou-se do estado de manutenção do transporte público em Buenos Aires. Ela lembrou que este é o terceiro acidente de trem em um ano. “Não temos outra opção. É o transporte público mais barato porque é subsidiado pelo governo e é o único que posso usar para ir ao trabalho”.
A TBA, empresa que opera a linha, emitiu um comunicado lamentando o acidente. Reconheceu que o trem não pôde parar, mas disse os motivos ainda são desconhecidos. A Justiça argentina também está investigando o acidente. Em entrevista, o secretário do Transporte, Juan Pablo Schiavi, disse que é cedo para dizer o que aconteceu.
“O trem vinha freando. A 1.000 metros da estação, baixou a velocidade de 47 km/h para 39 km/h. A 300 metros já estava a 27 km/h e bateu a 26 km/h”, disse Schiavi. “Não sabemos o que aconteceu nos últimos 40 metros”. Segundo o secretário, o maquinista “é um rapaz jovem e estava descansado”.
Com o impacto, os vagões de trás se chocaram com os da frente. Vidros quebraram e dezenas de passageiros ficaram presos entre as ferragens. Políticos da oposição culparam o governo por não tomar providências para exigir uma maior manutenção do sistema ferroviário argentino.
Edição: Rivadavia Severo