Luciana Lima
Enviada Especial
Salvador – A Assembleia Legislativa da Bahia, ocupada desde terça-feira (31) por policiais militares (PMs) grevistas, está cercada por homens do Exército, da Força Nacional e PMs de batalhões que não aderiram ao movimento. Caminhões das Forças Armadas bloqueiam as vias em torno do prédio da Casa Legislativa.
Até agora, ninguém sabe o número exato de grevistas no interior do prédio. Mas existem informações sobre a presença de parentes entre os amotinados, inclusive mulheres e crianças. De acordo com representantes de entidades de defesa de crianças e adolescentes, cerca de 150 crianças estão juntas com os parentes. Esta tarde, a juíza Mônica Barroso emitiu decisão judicial ordenando a retirada das crianças do interior da Assembleia Legislativa. Mas a ordem ainda não foi cumprida.
Em frente ao prédio, centenas de pessoas estão acampadas. E a informação que o local seria invadido pelos homens do Exército fez aumentar a tensão no local. No entanto, a invasão foi negada pelo chefe da da Comunicação, tenente-coronel Márcio Cunha. “Não haverá invasão. O nosso objetivo já foi cumprido, que é isolar o prédio para que ocorra a negociação. Enquanto isso, há uma equipe da Secretaria de Segurança Pública lá dentro, conversando [com os grevistas]”.
Hoje (6), ocorreram dois tumultos em frente à Assembleia, quando os parentes dos amotinados reagiram à colocação de tapumes em torno do prédio. Isso fez com que os militares não prosseguissem com o isolamento do local. Houve também o disparo acidental de uma bomba de gás lacrimogênio, segundo o Exército.
Em várias regiões de Salvador, a greve dos PMs e a presença de tropas das Forças Armadas e da Guarda Nacional mudaram a rotina dos moradores e comerciantes. Na comunidade de Pau Lima, na periferia da cidade, uma moradora, que não quis se identificar por questões de segurança, disse à Agência Brasil que muita gente do local prefere ficar em casa até que a situação se normalize.
No bairro da Pituba, na região praiana, grande parte do comércio manteve as portas fechadas e as lojas que abriram só funcionaram até as 16 horas, permitindo que os empregados saíssem mais cedo. Os comerciantes também temem que seus estabelecimentos sejam saqueados.
Também hoje, a Avenida Paralela, uma das principais vias da cidade, foi bloqueada por ônibus atravessados na pista por desconhecidos que renderam os motoristas, obrigando-os a abandonarem os veículos no local. A ação tumultuou o trânsito na capital baiana. Esses bloqueios têm ocorridos em outras vias de Salvador e duram em média uma hora.
Edição: Aécio Amado