Renata Giraldi e Roberta Lopes
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Apesar da sinalização para retomar as negociações com a comunidade internacional sobre o programa nuclear, o governo do Irã não abrirá mão do que julga ser seu direito. A afirmação é do embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, que está deixando o cargo após três anos e meio em Brasília. O diplomata afirmou que, diferentemente do que muitos países suspeitam, o programa é “pacífico e transparente”.
“Não há disposição alguma [do governo do Irã] de voltar atrás nesse programa”, disse o embaixador, em entrevista à Agência Brasil. “Nós nunca aceitaremos imposições, injustiças, nem pressões de outros países”, disse Shaterzadeh.
De acordo com o embaixador, o Irã segue todas as orientações da comunidade internacional sobre o desenvolvimento de pesquisas de alta tecnologia. “Desenvolvemos um programa transparente, sem desvios, e baseado na legislação internacional”.
O embaixador ressaltou também que os inspetores internacionais já visitaram as instalações nucleares iranianas mais de 100 vezes. “Nós temos o direito de desenvolver a nossa tecnologia e ela é de uso pacífico. É um programa [que representa] o orgulho nacional”.
No começo deste ano, o grupo 5+1 (formado pelos cinco países permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas: os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Rússia e a China, além da Alemanha) reiniciou o diálogo com as autoridades iranianas em busca do fim do impasse em torno do programa nuclear.
O programa nuclear iraniano é alvo de suspeitas da comunidade internacional. Para vários países, o Irã produz armas nucleares, porém as autoridades do país negam. No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), no ano passado, divulgou relatório informando que há indícios de irregularidades no programa nuclear iraniano.
As suspeitas levaram a comunidade internacional a aprovar sanções econômicas, financeiras e comerciais ao Irã, nos últimos quatro anos. O embaixador do Irã disse, no entanto, que apesar das sanções o comércio exterior e o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceram nesse período – de 2008 até 2011.
A última série de negociações entre o Irã e o 5+1 foi organizada em Istambul, na Turquia, em janeiro de 2010, mas não houve acordo. No último dia 4, alguns integrantes da União Europeia aprovaram um acordo que pode levar à proibição de importações de petróleo bruto iraniano. Na próxima semana, a União Europeia discutirá os detalhes dessas restrições.
Edição: Rivadavia Severo