Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Centenas de pessoas mobilizadas por 58 movimentos sociais estão reunidas na esquina da Rua Helvétia com Dino Bueno, um dos pontos mais críticos da Cracolândia, para protestar contra o trabalho policial do governo do Estado que tenta coibir o uso de crack e a ação de traficantes no local.
O ato iniciado por volta das 15h30 foi denominado de Churrascão da Gente Diferenciada e tem entre os participantes a organização não governamental (ONG) Coletivo Dar (Desentorpecendo a Razão). Em sua página na internet, a Coletivo Dar fez um convite público e recomendou às pessoas que levassem carne, pão, frutas e vinagrete, além de instrumentos musicais, bebidas, de preferência não alcoólica, e cartazes.
O nome do ato faz uma referência à resistência de moradores do bairro de Higienópolis, na zona oeste, à construção do metrô naquele bairro. Em maio do ano passado, os moradores do bairro fizeram manifestação pela não construção de uma estação do metrô alegando que o transporte de massa poderia atrair usuários de drogas.
Para Gabriela Moncau, uma das coordenadoras do ato promovido neste sábado, “a pretexto de resolver o problema do crack, o que [as autoridades] pretendem é demolir um terço das construções [do local] para substituí-las por bens mais valorizados”. Ela avalia que a população-alvo é vítima da falta de emprego e de moradia, necessitando ser atendida por um programa social.
“Somos contra essa invasão militar [ação policial] e a favor que se respeite os direitos humanos”, justificou Lucas Pretti, um dos coordenadores do Movimento BaixoCentro e produtor cultural da Transparência Hacker. Na avaliação dele, retirar à força os dependentes químicos da cracolândia não resolve a questão. Hoje (14) pela manhã, o governador do estado, Geraldo Alckmin, informou que 80 dependentes químicos deixaram a cracolândia voluntariamente.
Além de manifestar-se contrário ao trabalho feito pela prefeitura de São Paulo e pelo governo estadual, Pretti defende que os moradores da cidade devem ter um outro olhar para o problema, ocupando os espaços em atividades lúdicas e culturais. “Acho que a gente deve de parar de falar mal da cidade e propor atividades de artes e cultura.”
Desde ontem (13), o Movimento BaixoCentro promove eventos nos bairros da Luz, Santa Cecília, Vila Buarque e Campos Elíseos com o objetivo de angariar recursos para fazer um festival na região, no próximo mês de março. Ontem, ocorreu o desfile do bloco carnavalesco Filhos da Santa, antecedido por um passeio de bicicleta. Hoje (14), a Transparência Hacker se juntou ao Churrascão da Gente Diferenciada depois de um passeio de ônibus pela região em que os participantes puderam fotografar e fazer vídeos do cenário da cracolândia.
Amanhã (15), o movimento promove uma festa de samba na Casa da Cultura Digital, que fica na Rua Vitorino Carmilo.
Edição: Lana Cristina