Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Para denunciar a falta de médicos e de equipamentos nos hospitais públicos do Rio, o Sindicato dos Médicos (SinMed) organiza neste domingo (18) um protesto na Praia de Copacabana. A expectativa é reunir cerca de 2 mil pessoas durante a manhã, com uma mostra de fotos de unidades "em degradação" e esquetes de teatro ironizando os problemas.
De acordo com o presidente do SinMed, Jorge Darze, baixos salários estão entre as principais reclamações. Sem uma política para valorizar os servidores e melhorar as condições de trabalho, ele diz que muitos profissionais de saúde acabam deixando a rede pública. O problema vem se agravando nos últimos anos e coloca em risco o atendimento à população, acrescenta.
A falta de investimentos em infraestrutura e equipamentos também preocupa. "Os equipamentos são antigos, a manutenção é precária, volta e meia quebram e os consertos são demorados, o que se reflete nos atendimentos", avalia Darze.
Além de denunciar a situação de "calamidade" nos hospitais, o Sindicato dos Médicos quer chamar a atenção para "a política de marketing" dos governos na cidade. Segundo a categoria, há uma ilusão sobre a eficiência das clínicas da família e das unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), criadas nos últimos anos para atuar na saúde preventiva e pré-hospitalar.
De acordo com o presidente do sindicato, devido ao déficit de vagas para internação na rede e de profissionais, não é raro pacientes graves ficarem internados em UPAs. Segundo ele, essas unidades não têm infraestrutura para esse tipo de atendimento (de alta complexidade). Além disso, acrescenta, muitas funcionam com equipes incompletas, só com profissionais de enfermagem.
Perguntado sobre os piores hospitais da cidade, Darze disse que "todos estão ruins". Avaliou que a situação da rede municipal e estadual é pior que a da rede federal.
Ele lembrou o SOS Emergências, programa do Ministério da Saúde, lançado em novembro, que prevê R$ 6 milhões para melhorias nos hospitais Miguel Couto e Albert Schweitzer. "Acho que é pouco dinheiro. Inclusive, a aplicação no Rio é restrita, são só duas unidades em uma das maiores redes do país". Para Darze, o programa "é um tratamento homeopático, em uma rede degradada, que precisa de altos investimentos", completou.
O SOS Emergências foi criado para qualificar a gestão das unidades e melhorar o atendimento nos pronto-socorros de nove grandes hospitais no país. No Rio, tanto o Miguel Couto quanto o Schweitzer já criaram um plano para reduzir a permanência e oferecer mais conforto aos pacientes. Também está prevista a compra de equipamentos e a adaptação de instalações.
A Secretaria Municipal de Saúde disse que não comenta as declarações do SinMed.
Edição: Graça Adjuto