Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu hoje (15) pelo menos 37 pessoas envolvidas com o jogo do bicho. As prisões são um desdobramento da Operação Dedo de Deus, desenvolvida pela Corregedoria da Polícia Civil do Rio e o Ministério Público Estadual. Entre os presos, está o ex-prefeito da cidade serrana de Teresópolis Mário Tricano, apontado como o controlador do negócio ilícito na região.
A operação tem o objetivo de desarticular o jogo de bicho em várias cidades. Os agentes cumpriram 124 mandados de busca e apreensão em diversos pontos do estado. Carros de luxo, joias, além de mais de R$ 500 mil foram apreendidos. A cobertura triplex do patrono da escola de samba Beija-Flor, Anísio Abraão, em Copacabana, foi um dos alvos da operação. Mas os policiais, que chegaram à casa do bicheiro descendo de um helicóptero por meio de um aparelho de rapel, não o encontraram. Eles apreenderam documentos, joias e dinheiro.
De acordo com o delegado responsável pela operação, Glaudiston Lessa, Anísio Abraão, que está foragido, é o principal líder do jogo do bicho na Baixada Fluminense, além de ter ligações financeiras com o ex-prefeito de Teresópolis. Indagado por não ter conseguido prender o presidente da Beija-Flor, o delegado negou que ele teria sido avisado da operação. "Em nenhum momento, a operação teve contornos de vazamento [de informações], tanto que, dentre os cinco principais alvos, um deles foi capturado", disse referindo-se a Mário Tricano.
A chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, não descartou o envolvimento de policiais civis com os contraventores e afirmou que os agentes envolvidos com desvios de conduta serão punidos. “Essa não é a primeira operação que a Polícia Civil faz. Provavelmente, neste momento, nós temos o nome dos corruptores e o material que está sendo apresentado. Esse material está sendo todo estudado e, se houver a participação de policiais civis, a exemplo do que já aconteceu [antes], esses policiais responderão na medida certa da sua conduta criminal”, disse.
Para a promotora de Justiça, Angélica Glioche, que também participou da operação, os contraventores aproveitam os investimentos nas áreas sociais e culturais, como o carnaval, para se proteger das denúncias dos crimes praticados pelo jogo do bicho. A tecnologia utilizada pela quadrilha chamou a atenção da promotora nas investigações. "Agora, nós temos o jogo do bicho online. Esse jogo do bicho eletrônico possibilita que o ‘banqueiro’ do jogo possa, da sua casa ou de qualquer local remoto onde ele esteja, com um notebook ou um Ipad [modelo de tablet], ter acesso àquilo que é feito no momento da aposta".
As investigações tiveram início há um ano, quando a Corregedoria da Polícia Civil recebeu denúncias de que comerciantes de Teresópolis estavam sendo coagidos a instalar equipamentos (máquinas de cartão de crédito) para fazer o “bicho eletrônico”.A Polícia Civil informou que os acusados tinham relação com empresas dos estados de Pernambuco, da Bahia e do Maranhão, que forneciam suporte técnico para os anotadores eletrônicos do bicho, além de gráficas que produziam os blocos de anotações tradicionais. Ainda segundo a polícia, os contraventores burlavam os resultados dos jogos para evitar que houvesse vários ganhadores e, assim, minimizar prováveis prejuízos.
Edição: Lana Cristina