Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Com o objetivo de encontrar solução para as interferências de rádio que prejudicam o trabalho de setores vitais na área das comunicações, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) iniciou hoje (28) discussões no 1º Seminário Nacional sobre Radiointerferências (Senar).
Coordenado pelo Grupo Permanente de Estudos de Radiointerferência da Anatel – formado por representantes da agência, de entidades dos diversos segmentos das telecomunicações e do Ministério da Defesa – o evento prossegue até amanhã (29).
O foco da agência é agir de imediato onde as interferências afetam serviços que têm a ver com a vida humana. Entre esses, está o caso das comunicações de aeroportos, do serviço móvel marítimo, das áreas de segurança pública e também dos equipamentos científicos sofisticados, que podem ser afetados pela interferência de aparelhos que operam em outras frequências.
O gerente-geral de Fiscalização da Anatel, José Joaquim de Oliveira, deu o exemplo do ocorrido ontem (27), durante o último Grande Prêmio de Fórmula 1, em Interlagos, quando foram registrados vários casos de interferência na área das telecomunicações na região. "Mesmo com todas as 450 frequências temporárias que foram licenciadas corretamente, juntamente com a operação das empresas de telefonia celular, tudo corretamente licenciado, havia interferências que incomodavam as comunicações", relatou.
Segundo Oliveira, "são situações surpreendentes que podem acontecer em momentos em que o fator tempo exige soluções rápidas, daí o desafio de que esse tipo de problema tenha que ser plenamente dominado quando ocorre". "A Anatel, apesar das dificuldades, está atenta à importância da coordenação do espectro das comunicações, regendo seu uso adequado da forma mais harmoniosa possível", disse o gerente.
Ele reconheceu que a solução dos problemas envolve ainda recursos escassos para uma solução imediata. "Temos que fazer um banco de dados que possa facilmente ser consultado, por meio de informatização para se poder acessar a gama de soluções possíveis nos casos de radiointerferência, a partir de exemplos já resolvidos”, observou. Oliveira avaliou que o rigor com que a Anatel trata da certificação de produtos, dentro de requisitos internacionais, tem ajudado a reduzir o número de casos de interferência na área das comunicações.
No dia a dia, as interferências radioelétricas podem acontecer por deficiências de aterramento, em que conexões se deterioram com o passar do tempo. "Uma dúvida sobre uma possível interferência vinda de uma subestação elétrica, por exemplo, envolveria a necessidade de desligar um parque fabril para tirar a dúvida, o que seria um grande transtorno", exemplificou Oliveira, dando a dimensão das consequências com os casos de interferência nas comunicações.
Segundo o diretor do Grupo de Prevenção de Radiointerferências e coordenador do seminário, Francisco Eduardo Morais, algumas vezes é difícil a verificação de casos de interferência em função do acesso. "Muitas vezes, é um trabalho difícil pois é preciso que os técnicos acessem o local onde fica a provável fonte de interferência com apoio policial, como acontece muito no Rio de Janeiro e em São Paulo. A massificação do uso de frequências disponíveis aumenta a necessidade de prevenções contra interferências", observou.
A Anatel, de acordo com Morais, já tem funcionando um sistema de detecção de interferências próximo aos aeroportos de Congonhas, Galeão, Santos Dumont, Salvador, Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Curitiba, Salvador, Confins e Vitória e pretende expandir a cobertura a outros aeroportos à medida que houver recursos no orçamento anual da agência.
Edição: Lana Cristina