Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os gastos do setor público – governos federal, estaduais e municipais – com os juros da dívida pública chegou a R$ 197,732 bilhões, de janeiro a outubro deste ano, segundo dados divulgados hoje (25) pelo Banco Central (BC). O resultado é recorde para o período.
Esses gastos corresponderam a 5,9% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB). Nesse tipo de comparação, é o patamar mais alto desde o mesmo período de 2007 (6,29%). O nível mais alto foi registrado pelo BC de janeiro a outubro de 2003, quando a relação ficou em 8,87%. Em 12 meses encerrados em outubro, os gastos com juros corresponderam a 5,87% do PIB.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o aumento do volume de gastos com juros está relacionado aos indexadores que corrigem a dívida, como a inflação e a taxa básica de juros, a Selic, que tiveram alta no início deste ano.
Apesar dos altos gastos com juros, Maciel destacou que o desempenho fiscal do governo tem sido bastante positivo. De janeiro a outubro, o superávit primário (receitas menos despesas, excluídos os juros da dívida do setor público) chegou a R$ 118,596 bilhões, 93% do meta para este ano, que é R$ 127,9 bilhões. Em 12 meses encerrados em outubro, foram registrados R$ 133,615 bilhões de superávit primário, o que corresponde a 3,33% de PIB. “Vamos cumprir a meta cheia este ano”, enfatizou Maciel.
Para ele, o desempenho anual mostra o comprometimento do governo com o resultado fiscal e é um instrumento “bastante positivo” para enfrentar a crise econômica internacional.
Na meta de R$ 127,9 bilhões, R$ 91,8 bilhões devem ser atingidos pelo governo federal e a estimativa para os governos regionais – estaduais e municipais – é R$ 36,1 bilhões. Na avaliação de Maciel, o resultado dos governos regionais este ano deve se aproximar dessa estimativa. De janeiro a outubro, esse segmento registrou superávit primário de R$ 30,848 bilhões. As empresas estatais municipais foram responsáveis por R$ 423 milhões e as estaduais, por R$ 1,402 bilhão. Mas, nos últimos meses do ano, os governos regionais costumam ter mais gastos e, com isso, registrar déficit. Por isso, se o resultado ficar abaixo da estimativa, Maciel destacou que “há margem para cobrir essa parte dos regionais, de forma a atingir a meta plena”.
Edição: Juliana Andrade