Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A divulgação de parte do relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), informando que no Irã o programa nuclear é desenvolvido para fins não pacíficos, foi recebida com cautela pelo governo do Brasil. Para o governo, as informações não podem levar à imposição de mais sanções aos iranianos.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Tovar Nunes, disse à Agência Brasil que ainda é cedo para fazer previsões e que a expectativa está reservada para a análise dos dados pela agência. No relatório, segundo o que vazou para a imprensa, há informações indicando que no programa nuclear iraniano há atividades destinadas à produção de armas nucleares.
"Esperamos a divulgação e as explicações oficiais da Aiea sobre o relatório, e o que ele contém. Por enquanto é cedo para previsões", disse o porta-voz. Segundo ele, o que vazou do documento está sendo submetido à análise por parte do Itamaraty, mas o governo aguarda a divulgação oficial dos dados na sexta-feira (13).
O embaixador acrescentou que o governo brasileiro defende a busca pelo diálogo e o esforço para o desenvolvimento de um programa nuclear com fins pacíficos. “Nossa posição é sempre pela busca da negociação e do diálogo, além da defesa do desenvolvimento de um programa nuclear para fins pacíficos", disse Tovar.
No ano passado, o Brasil e a Turquia negociaram um acordo que determinava a troca de urânio levemente enriquecido pelo produto enriquecido a um percentual mais elevado. As negociações foram conduzidas pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Porém, a comunidade internacional rejeitou a proposta e o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma série de medidas restritivas ao Irã. As sanções atingem, sobretudo, os setores econômico, comercial, bancário e militar.
Antes mesmo de a Aiea divulgar o relatório, os Estados Unidos e Israel defenderam a necessidade de ampliar as sanções ao Irã. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, negou hoje (8) as suspeitas sobre o programa nuclear desenvolvido no país. Segundo ele, não há comprovações que sustentem a acusação.
"Não há nenhuma evidência para provar que o Irã tem programa de armas", disse Salehi, na agência estatal de notícias do Irã, Irna. De acordo com o ministro, o programa nuclear iraniano “não tem aspectos militares”. Para ele, as informações integram um plano de parte da comunidade internacional para colocar o Irã sob pressão.
Edição: Aécio Amado