Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Como forma de lidar com a falta de verbas públicas, o investimento privado pode ajudar escolas a entrar na era da tecnologia. Essa é a opinião do especialista em mídias digitais Anthony Williams, professor da Universidade de Toronto, no Canadá. Em palestra no Rio, ele disse que é interesse das empresas formar profissionais qualificados para se manter no mercado.
"Nossa economia dependerá desse conhecimento em tecnologia. Se as empresas querem pessoal qualificado que lhes dê lucro no futuro, deverão investir uma parte de seu dinheiro nessas parcerias. É do interesse delas, as escolas precisam cobrá-las", defendeu Williams no seminário Conecta, organizado pelo Sesi/Senai. "Não é uma solução definitiva, mas um passo", completou.
O autor dos best-sellers Wikinomics e Macrowikinomiscs avaliou que as escolas precisam se renovar para se tornar atrativas e estimular os alunos, que hoje já nascem em um ambiente digital. A primeira coisa a fazer, segundo ele, é rever o o modelo de aulas-palestra. Depois, entrar para as redes sociais.
"Nos Estados Unidos, virou moda os melhores alunos sabotarem aulas-palestra. Para um jovem que está sendo criado no ambiente interativo da internet, não faz nenhum sentido ficar parado prestando atenção em uma única pessoa, em uma aula-palestra", disse William, que aposta no uso de blogs, fóruns de discussão e nas ferramentas colaborativas como a enciclopédia Wikipédia.
Para as escolas que querem repensar seu modelo pedagógico, a principal dica do professor é estimular os docentes, de forma não hierárquica. Por meio das redes sociais, ele sugere a criação de uma plataforma de troca de conhecimento. Assim, os próprios docentes podem dizer quais são as práticas bem-sucedidas e auxiliar os que não estão familiarizados com as ferramentas.
"O desafio é empoderar o professor para que ele possa tornar a informação mais acessível e inteligível aos alunos, que às vezes têm mais habilidades que os próprios docentes", completou.
A longo prazo, o especialista espera uma queda acentuada de preços de dispositivos móveis com acesso a internet, como os smartphones (celulares com acesso à rede), facilitando o acesso pelas famílias, pelos estudantes e pela rede pública de ensino. Em um país como a Tanzânia, citou, mesmo com 90% da população sem energia elétrica, 97% têm um celular. "É algo incrível. Usam os celulares para pagar contas, consultar o clima e até ver preços de commodities agrícolas".
Edição: Graça Adjuto