Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em meio a uma greve de mais de uma semana, a Polícia Civil do Distrito Federal (DF) passa por mudanças de comando que já levaram à exoneração de 60 nomes em dois dias. As mudanças no comando de delegacias, departamentos e divisões especializadas estão sendo conduzidas pelo novo diretor-geral da Polícia Civil, Onofre José de Moraes, que assumiu ontem (3).
A Secretaria de Comunicação do Governo informou que pelo menos 24 delegados já foram nomeados para outros cargos e que as exonerações não significam demissão em massa, mas uma reestruturação do setor. “É natural, com a mudança na cúpula da corporação, que ocorram algumas reacomodações. Há tanto mudanças na chefia das delegacias como haverá a reconfirmação de alguns integrantes nos cargos que já ocupavam. Essa mudança é a reafirmação de um comando para a corporação em um momento em particular como esse, em que enfrentamos um movimento grevista”, diz a nota.
Os policiais estão em greve desde o dia 27 de outubro e reivindicam o cumprimento de um acordo feito com o governo local em abril, que inclui reajuste salarial de 13%, plano de saúde subsidiado e progressão funcional.
Em assembleia ontem, os policiais decidiram manter a paralisação por prazo indeterminado. A próxima reunião está marcada para o dia 10, mas, segundo o vice-presidente do Sindicado dos Policiais Civis do DF (Sinpol), Andre Rizzo, uma nova assembleia pode ser convocada antes dessa data caso surjam novidades na negociação com o governo.
“Até agora o governo não tem dado mostras efetivas de disposição para cumprir acordo. Tivemos algumas manifestações pontuais de alguns secretários, do novo diretor-geral, que tem buscado intermediar, mas precisamos de ações efetivas”.
Na última segunda-feira (31), em seu programa semanal de rádio Conversa com o Governador, o governador Agnelo Queiroz disse que reconhece a legitimidade do movimento de greve, mas que restrições orçamentárias impedem novos reajustes.
Rizzo não quis comentar a troca de comando na corporação, mas disse que não acredita que as mudanças estejam vinculadas à greve. “São atos próprios da administração, não nos pronunciamos sobre esse assunto, não está na nossa seara”, declarou.
Desde o começo da greve, não é possível registrar boletins de ocorrência de crimes considerados simples, como furto e roubo, o Instituto Médico-Legal atende apenas casos de mortes violentas e os policiais só estão realizando escolta para transferência de presos uma vez por semana, e não duas, como de costume. De acordo com o Sinpol, o percentual mínimo de 30% de prestação de serviços, previsto na Constituição Federal para serviços essenciais, está sendo respeitado.
Edição: Aécio Amado