Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Bolívia, Evo Morales, prepara-se para assinar ainda hoje (25) a lei que suspende a construção da estrada Villa Tunari-San Ignacio de Moxos, que contava com recursos do Brasil. Indígenas caminharam por 65 dias em protesto contra a construção. Ontem (24), Morales anunciou a decisão de suspender a obra, e a Assembleia Legislativa boliviana aprovou a decisão ratificando-a em texto. A discussão sobre o fim da construção durou cerca de cinco horas no Parlamento.
Há um mês, o Itamaraty reiterou o apoio às obras, informando que o governo brasileiro confirmava “a disposição de cooperar com a Bolívia”, pois se trata de um projeto “de grande importância para a integração nacional” e “atende aos parâmetros relativos a impacto social e ambiental previstos na legislação boliviana”.
O vice-presidente da Bolívia, Alvaro Garcia Linera, participou diretamente das negociações com os parlamentares. Mais de dois terços deles aprovaram a suspensão das obras. Os debates em torno do assunto duraram dois meses e meio, envolvendo protestos que acabaram em violência e em três pedidos de demissão de ministros.
A controvérsia envolvendo a construção é gerada pelo fato de a estrada Villa Tunari San Ignacio de Moxos cortar o Parque Nacional Isiboro Seguro – maior reserva indígena do país. A proibição está no segundo parágrafo do texto aprovado ontem. O documento trata a reserva como de “natureza intangível”.
Para chegar a um consenso com os indígenas, Morales aceitou ontem negociar 16 pontos exigidos pelos líderes do movimento, inclusive a suspensão da construção da estrada. Foi a segunda vez, em menos de um ano, que o boliviano mudou decisões de governo para atender a demandas sociais. Na outra ocasião, houve uma série de protestos contra o aumento do preço da gasolina e, consequentemente, das tarifas relacionadas ao combustível.
*Com informações da agência pública de notícias da Bolívia, ABI.
Edição: Talita Cavalcante