Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em depoimento de mais de sete horas à Polícia Federal, o policial militar João Dias Ferreira, que fez denúncias sobre a existência de um esquema de corrupção no Ministério do Esporte envolvendo o ministro Orlando Silva, disse ao deixar o prédio da PF que confirmou as acusações e apresentou parte das provas que comprovam a participação do ministro e de funcionários do primeiro e segundo escalões no esquema de desvio de dinheiro público.
Em reportagem publicada pela revista Veja no último sábado, Ferreira denunciou um esquema de corrupção no Programa Segundo Tempo, que repassa recursos para incentivar a prática de esportes entre crianças de baixa renda. Segundo a denúncia, o próprio ministro teria recebido dinheiro desviado do programa, em troca da liberação de recursos para organizações não governamentais. O esquema teria movimentado mais de R$ 40 milhões em oito anos.
Ferreira não detalhou as provas que foram apresentadas à Polícia Federal, mas adiantou que novos documentos e áudios que comprovam o esquema de corrupção serão entregues na próxima segunda-feira (24). “Vai ser o nocaute”, declarou. Segundo ele, entre as provas estariam gravações, prestações de contas e relatórios de fiscalização fraudados e com datas falsas.
O policial disse ainda ter apresentado à PF uma lista com pelo menos 15 pessoas envolvidas no esquema que podem ajudar a comprovar as acusações de desvios do Programa Segundo Tempo. Na lista, estão funcionários do Ministério do Esporte e dirigentes de organizações que recebiam os repasses. Os citados serão convocados a prestar depoimento, segundo Ferreira. A PF não se manifestou sobre o depoimento.
Em entrevistas e depoimentos a parlamentares desde domingo (16), Orlando Silva tem negado as acusações e tentado desqualificar o denunciante. Na terça-feira (18) na Câmara, o ministro chamou Ferreira de “desqualificado”, “criminoso” e “bandido”.
“O ministro diz que eu não tenho provas, mas eu estou muito tranquilo. Quem tem que passar a se preocupar a partir de agora é ele, porque eu estou entregando as provas aqui na Polícia Federal e também vou à Procuradoria-Geral da República”.
Ferreira declarou que pediu proteção policial, mas que não houve negociação de delação premiada. O policial foi preso ano passado pela Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal, que investigava fraudes no repasse de recursos do Programa Segundo Tempo. Ferreira, que dirigia uma associação de kung fu é acusado de desviar R$ 2 milhões do programa.
Edição: Aécio Amado