Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O coordenador do Grupo de Análises e Previsões (GAP) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messemberg, disse hoje (13) que as decisões do Banco Central brasileiro em relação à taxa básica de juro Selic e a inflação são condizentes com a teoria dos norte-americanos que ganharam o Prêmio Nobel de Economia 2011, anunciado na última segunda-feira (10).
Para Messemberg, os métodos de avaliação do impacto da taxa de juros na economia e na inflação criados pelos premiados norte-americanos Thomas Sargent e Christopher Sims mostram que a inflação é determinada mais pelo viés fiscal (arrecadação de impostos e gastos públicos) do que pelo monetário – fator que evita com que a dívida pública entre "em um caminho explosivo".
Nesse sentido, para Messemberg, o Banco Central (BC) acertou ao cortar a taxa Selic em agosto, que passou de 12,5% para 12%, depois de quatro aumentos consecutivos desde janeiro 2011. "O BC está inteiramente consistente com as teorias do [Thomas] Sargent e do [Chrsitopher] Sims. Eles dizem que o que determina a inflação são as variáveis fiscais. Se, para conter pressões inflacionárias de curto prazo, há aumento da taxa de juros, a inflação pode cair, mas gerará uma trajetória de endividamento", explicou, durante divulgação da Carta de Conjuntura do Ipea, no Rio.
Para o economista do Ipea, contrariando análises do mercado, como a inflação não decorre exclusivamente do "descompasso" entre demanda e oferta, não há necessidade de a expansão da economia e da demanda serem contidas por altas taxas de juros. Os aumentos dos juros, destacou Messemberg, podem diminuir a inflação no curto prazo, mas propiciar um aumento do indicador no longo prazo.
Ao comentar a alta da inflação durante o ano, o coordenador do GAP também disse que a taxa tende a cair nos próximos meses, apesar das variações no câmbio, refletindo o crescimento em ritmo menor da economia brasileira. Segundo explica, as medidas macroprudenciais tomadas pelo governo no início do ano, aliadas às elevações da taxa Selic até julho, ajudaram a puxar a inflação para baixo.
Segundo o pesquisador, taxas mais altas da inflação foram medidas a partir de setembro do ano passado, pressionando o indicador do acumulado no ano, mas a tendência agora é que os índices diminuam a partir dos próximos meses. Messemberg estima que a inflação oficial, acumulada em 7,31% nos últimos 12 meses encerrados em setembro, deve ficar um pouco acima do teto de 6,5%.
Edição: Lana Cristina