Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "O teatro salvou minha vida". A declaração é de Wellington Abreu, ator que nasceu em Ceilândia, cidade do Distrito Federal. Durante esta semana, ele ministra a oficina de interpretação em cinema para jovens de escolas públicas da região. A oficina é uma das atividades do 44º Festival de Cinema de Brasília. Outras oficinas ocorrem no Plano Piloto e tratam das áreas técnicas destinadas à produção cinematográfica, desde a construção de roteiros, direção e animação. Hoje (27), cerca de 50 jovens compareceram às aulas, cada um com a esperança de ter uma profissão ou simplesmente vencer a timidez.
É Wellington Abreu que fala das dificuldades que enfrentou para chegar ao que é hoje. "Eu era ruim na escola", disse, mas foi por meio do teatro que alcançou tudo que fez até agora. Ele atuou em mais de 24 espetáculos em sete estados brasileiros, na África e nos Estados Unidos. Dirigiu o curta de ficção Ceilândia Capital do Brasil, produziu Fora de Campo e fez roteiro e direção de Filhos da Mãe.
Abreu é um dos fundadores do Ceicine, Coletivo de Cinema de Ceilândia, e há 12 anos integra a Hierofante Companhia de Teatro. Entre idas e vindas, participa de temporadas do curso de interpretação do Companhia Michel Tchekhov, em Nova York.
Filho de um técnico aposentado de radiografias e de uma dona de casa, Abreu fala com orgulho sobre o caminho que tomou para sua vida a partir da interpretação. "Hoje consigo viver de teatro, de cinema ainda não. Mas o que consigo aqui no Brasil, como ator de teatro, invisto no curso de interpretação", disse Abreu. Segundo ele, há 20 anos participou, no mesmo teatro, de uma oficina semelhante a que ele ministra esta semana.
O seu sonho é tornar a oficina permanente. Além disso, quer levar adiante o projeto Cinema na Placa, que exibe filmes projetados nas placas geralmente usadas para publicidade na Ceilândia, cidade com mais de 600 mil habitantes, a maioria de baixa renda.
Um dos participantes da oficina ministrada por Abreu, é o estudante de informática Pedro Rafael de Oliveira Carvalho. Ele mora em Samambaia, outra cidade satélite de Brasília. "Eu fui modelo quando criança, incentivado pela minha mãe. Hoje, procuro ver tudo relacionado à arte, e não acho que o sonho de ser ator esteja tão longe da minha realidade".
O Festival de Cinema de Brasília começou ontem (26). As mostras competitivas ocorrem simultaneamente em quatro regiões administrativas: Plano Piloto, Sobradinho, Taguatinga e Ceilândia. Participam do festival seis longas-metragens, 12 curtas e 12 animações.
Edição: Aécio Amado