Da BBC Brasil
Brasília – Ramallah, na Cisjordânia, já está preparada para acompanhar o discurso em que o presidente Mahmoud Abbas deverá pedir o reconhecimento do Estado palestino, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) hoje (23).
A Autoridade Palestina já colocou telões no centro de Ramallah para que o público possa assistir, ao vivo, o discurso de Abbas (às 18h30, horário local – 12h30, em Brasília).
Os palestinos pedem a delimitação de seu Estado a partir das fronteiras de 1967, que incluem a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental – territórios ocupados por Israel, que rechaça veementemente a decisão palestina.
Uma cadeira gigante foi montada, para simbolizar o assento pedido por Abbas na ONU, para que o Estado Palestino se torne o membro número 194 da organização internacional.
A campanha Palestina 194 foi iniciada há vários meses e deverá atingir seu auge hoje, com o discurso do presidente palestino.
A Autoridade Palestina espera a participação de centenas de milhares de pessoas em manifestações de apoio a Abbas, nas principais cidades da Cisjordânia, durante o discurso.
Para muitos palestinos, hoje é um dia histórico já que, 44 anos após a guerra de 1967 e 63 anos após a fundação do Estado de Israel, um presidente palestino se dirigirá aos 193 países membros da ONU e pedirá o reconhecimento da Palestina.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, proibiu a manifestações em favor da iniciativa palestina no território. O grupo já declarou que é contra o pedido de reconhecimento pois, segundo ele, um Estado palestino nas fronteiras pré-1967 significaria aceitar implicitamente o Estado de Israel na área estabelecida em 1948.
Apesar de pedidos por parte do Fatah, partido de Abbas, o Hamas não permite que a parte da população da Faixa de Gaza que apoia a iniciativa se manifeste nas ruas.
De acordo com a pesquisa de opinião realizada pelo instituto Halil Shkaki, 83% dos palestinos apoiam o pedido de reconhecimento na ONU, o que significa que entre os habitantes da Faixa de Gaza grande parte é a favor de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, apesar da oposição do Hamas.
As autoridades israelenses decretaram estado de alerta no país inteiro e nos territórios ocupados, principalmente na área de Jerusalém e nos pontos de checagem militares nas passagens entre Israel e a Cisjordânia.