Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília – Condenado a 30 anos pelo assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, promete se entregar à Justiça ainda esta tarde. Segundo seu advogado, Jânio Siqueira, Galvão está em Altamira (PA), “preparando as malas”.
Por telefone, Siqueira contou à Agência Brasil que, embora seu cliente tenha ficado “triste” com a decisão de hoje (6), do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) – que negou pedido de revisão da sentença anterior –, Galvão está “sereno” em relação às possibilidades de provar sua inocência na morte da defensora dos direitos de pequenos produtores rurais da região de Altamira.
“Ele ficou triste com a decisão, mas está sereno porque confia na Justiça. A decisão [desta manhã] não abalou sua fé e a prova disso é que ele está arrumando as malas para se apresentar à Justiça espontaneamente”, contou o advogado, horas após a 1ª Câmara Criminal Isolada do TJPA rejeitar o recurso de Galvão, mantendo, por unanimidade, sua condenação a 30 anos de prisão, em regime fechado.
Julgado como o mandante da morte de Dorothy, Galvão pretendia, com o recurso, anular a sentença proferida em abril de 2010. O tribunal, contudo, não só rejeitou o apelo do fazendeiro como, temendo que ele fugisse, decretou sua prisão preventiva. Galvão é o único dos cinco acusados pelo assassinato da missionária que continua solto. Ele foi beneficiado, no ano passado, por uma liminar que lhe deu o direito de aguardar, em liberdade provisória, o julgamento de um recurso de apelação.
Os outros condenados por participação no assassinato da missionária são Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado a 30 anos de prisão; Rayfran das Neves, o Fogoió, condenado a 27 anos; Clodoaldo Batista, o Eduardo, condenado a 17 anos; e Amair Feijoli, o Tato, sentenciado a 27 anos de prisão. Dorothy foi morta em fevereiro de 2005, com seis tiros. Ela tinha 73 anos.
O advogado de Galvão adiantou que recorrerá da decisão de hoje. Segundo ele, seu cliente teve o direito de ampla defesa cerceado durante a sessão em que foi considerado um dos mandantes do homicídio de Dorothy. A participação no crime e a pena de 30 anos, proferida em 30 de abril de 2010, foram confirmadas em junho do mesmo ano, pelas câmaras criminais reunidas do TJPA.
“Estamos aguardando a publicação do acórdão para analisá-lo. No nosso entendimento, o tribunal deixou algumas lacunas, algumas contradições em sua decisão. Isso vai ensejar outro recurso ao próprio tribunal, um embargo de declaração que, se não for suficiente, nos levará a recorrer, concomitantemente, ao STJ [Superior Tribunal de Justiça] e ao STF [Supremo Tribunal Federal]”, concluiu o advogado.
Edição: Lana Cristina